2020|pt|11, Dom Bosco, o homem de deus que sempre pediu ajuda a todos

A MENSAGEM DO REITOR-MOR

Pe. Angel Fernandez Artime

DOM BOSCO

O HOMEM DE DEUS QUE SEMPRE PEDIU AJUDA A TODOS



Amigos e leitores do Boletim Salesiano e sobretudo amigos de Dom Bosco e do seu carisma, saúdo-vos em fins de 2020 que recordaremos como um ano duro, por muitos aspetos doloroso, um ano que mudou, dia após dia, os nossos hábitos de vida e os nossos ritmos pessoais, familiares e comunitários.

Faço-o neste número do Boletim Salesiano que oferece o calendário para o novo ano 2021, que esperamos rico de bênções. E meditando em tudo o que um ano significa, pensei em algo que tenho muito a peito. Em parte pela minha educação, em parte pela minha mesma natureza, sinto com muito força no meu íntimo a necessidade permanente de ser reconhecido e cheio de gratidão pelas muitas coisas que recebo na minha vida e não dependem do meu mérito pessoal.

E queria aproveitar este número do Boletim Salesiano, que espero seja replicado nos Boletins Salesianos de todo o mundo, para agradecer, em nome de Dom Bosco, aos milhares e milhares de pessoas que são nossas benfeitoras e que ajudam as obras salesianas no mundo.

Há poucos dias, uma coisa muito simples chamou a minha atenção.

Ao fim de seis meses, pensei em gravar uma mensagem-vídeo para agradecer a generosidade de tantas pessoas que responderam, conforme a suas possibilidades, para ajudar os mais atingidos pela Covid-19. Fi-lo com simplicidade e verdade. E recebi dezenas de mensagens que me agradeciam, pela transparência, o que tinha sido feito com a sua ajuda e o montante final recebido. E penso que não pode nem deve ser de outra forma.


Como Dom Bosco


«Eu sempre precisei de todos», dizia Dom Bosco.

Inesquecível aquela noite fria de 3 de novembro de 1846, aquele padre e sua mãe que chegam depois de haver feito quarenta quilómetros a pé. Ele com o breviário debaixo do braço e uma pequena bagagem, e ela com uma cesta com poucas coisas. Su mãe segue-o na aventura um pouco louca. Não obrigara. Ele amava sua mãe. Mas a mãe amava-o ainda mais. E não havia hesitado. «João, vou contigo».

Chegaram mortos de cansaço às portas da cidade. O teólogo Vola, um padre amigo, viu-os e admirou-se. «Mas vós sois loucos! Onde ides? Como fareis para viver? Tendes alguma coisa ao menos para esta noite?»

«Deus proverá, meu amigo».

Aquele bom padre, comovido, ofereceu-lhe o seu relógio. Servirá para os primeiros meses de renda.

«Está a ver? Deus já proveu», disse-lhe afavelmente Dom Bosco.

Ele passou toda a vida a pedir ajuda a centenas e centenas de pessoas. Nunca pediu para si, mas sempre para os seus rapazes. E ao mesmo tempo acreditava cegamente na Divina Providência, e foi por isso que se movia incansavelemnete de porta em porta.

Estendeu a mão milhares de vezes, pediu ajuda financeira e colaboração a tantíssimas pessoas para levar a cabo a sua missão. Não hesitou em pedir a qualquer pessoa que pudesse contribuir com o seu tempo ou com os seus bens em prol dos rapazes em dificuldade.

Foi ajudado por leigos, homens e mulheres, e por sacerdotes amigos, que colaboraram com ele de muitos modos.

Contou sobretudo com a inestimável ajuda de sua mãe, Mãe Margarida. Gosto de dizer, creio que com valor histórico, que ambos fundaram o Oratório, dado que ao génio criativo e apostólico de Dom bosco se juntou a delicadeza materna da mãe que deu calor feminino àquela casa. Acompanhou e encorajou o filho nos difíceis inícios do Oratório e do trabalho com os rapazes que batiam à porta da sua casa.

Ao lado de Mãe Margarida, estava a mãe de Miguel Rua, um dos primeiros salesianos e seu primeiro sucessor. Também a mãe do arcebispo Gastaldi, e o pai de Domingos Sávio. Um grupo de pessoas, que conheciam e amavam Dom Bosco, e deram à sua obra uma tonalidade completamente diferente das outras instituições da época: uma marca bem percetível conotável como “atmosfera familiar”.

Na sua capacidade de pedir ajuda, Dom Bosco sabia desde desde o primeiro momento que podia contar com sacerdotes que ofereciam parte do seu tempo à Obra dos Oratórios, que crescia com ele, sacerdotes e amigos, e também mestres espirituais como o padre Cafasso, o teólogo Borel e o padre Leonardo Murialdo. Outro grande gupo de benfeitores e simpatizantes contribuiu financeiramente para as obras orientadas por Dom Bosco em Turim, em várias localidade da Itália, França e Espanha, além das missões na América Latina. Os benfeitores constituem também hoje a espinha dorsal da Congregação Salesiana.

Os tempos mudaram, mas posso assegurar-vos que as situações que hoje se vivem no mundo, na Igreja e nas presenças salesianas, têm muito em comum com os tempos de Dom Bosco. Quando vistei as obras mais pobres e com os rapazes mais pobres da América Latina, da África, da Índia e de algumas nações da Oceania, pareceu-me ver situações não diferentes das de Dom Bosco em Valdocco.

E posso assegurar-vos que isto de forma nenhuma desanima, mas renova em mim a convicção de que em qualquer momento o Espírito de Deus suscita milhões e milhões de pessoas com um coração decido a tornar este mundo cada vez mais humano. Não há dúvida de que o leitor é uma delas e eu também.

Obrigado por este esforço. Obrigado por haver acreditado que vale a pena. Obrigado por não se deixar paralisar pela acrimónia de quem duvida sempre de tudo e de todos, e obrigado por haver acreditado que se pode viver na esperança. É isto que proponho à nossa Família Salesiana para o novo ano: neste difícil momento da Covid-19, mais do que nunca, somos movidos pela esperança.

Juntos conseguiremos.




Dom Bosco iniciador da Família Salesiana

A expressão "família salesiana" foi pronunciada pela primeira vez pelo papa Pio XI no 3 dia de abril de 1934, dois dias depois da canonizaçãode Dom Bosco, aos peregrinos idos a Roma naquela ocasião: “Vós representais todos aqueles que deixastes nos vosos lugares de proveniência, toda a grande família salesiana”.