401-450|pt|407 A Pastoral Juvenil Salesiana

1. CARTA DO REITOR-MOR







"Encheu-se de compaixão por eles,

porque eram como ovelhas sem pastor.

E começou, então a ensinar-lhes muitas coisas" (Mc 6, 34)



A PASTORAL JUVENIL SALESIANA



1. A CAMINHADA DA CONGREGAÇÃO NA EVOLUÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA APÓS O CONCÍLIO VATICANO II. 1.1. Uma longa caminhada. 1.1.1. Os primeiros passos: do CG19 (1965) ao CG21 (1978). 1.1.2. A evolução das linhas do CG21 promovida pelo Dicastério (1978-1990). 1.2. Os grandes horizontes desta caminhada. 1.2.1. Uma percepção sempre mais aprofundada da nova situação dos jovens. 1.2.2. O esforço de reformulação dos conteúdos e das modalidades educativas e pastorais tradicionais. 1.2.3. Expansão do campo de ação em resposta à nova situação. 1.2.4. Renovação das estruturas de animação e governo pastoral na Congregação e nas Inspetorias. 1.2.5. O ponto focal de atenção: a qualidade da ação educativo-pastoral. 2. A SITUAÇÃO ATUAL. 2.1. Conhecimento e assimilação do modelo de pastoral. 2.2. Uma relação mais sistemática do Dicastério com as equipes dos Delegados inspetoriais para a PJ. 2.3. Alguns aspectos da renovação pastoral. 3. OS DIVERSOS SETORES DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA. 3.1. Os Oratórios e Centros Juvenis. 3.2. A Paróquia confiada aos Salesianos. 3.3. A Escola e o mundo da educação formal. 3.4. A Formação Profissional e a preparação para o trabalho. 3.5. O mundo da Universidade: a caminhada feita pelas IUS e outras formas de presença no mundo universitário. 3.6. A atenção ao mundo da marginalização juvenil. 3.7. Outras presenças e formas mais leves de serviço aos jovens. 4. PERSPECTIVAS DE FUTURO PARA A PASTORAL JUVENIL SALESIANA. 4.1. Continuar o esforço de assimilação e prática do modelo da Pastoral Juvenil Salesiana. 4.2. Uma pastoral evangelizadora claramente orientada para o anúncio de Cristo e a educação dos jovens à fé. 4.3. Aprofundar e reforçar a dimensão vocacional em todas as propostas pastorais. 4.4. Uma atenção especial aos jovens mais pobres e em situação de risco como característica de toda presença e obra salesiana. 4.5. Redefinir as nossas presenças para torná-las mais significativas, ou seja, "novas presenças". 4.6. Uma animação pastoral sempre mais relacionada e coordenada por diversos Dicastérios, de modo particular os dicastérios da Missão salesiana: pastoral juvenil, comunicação social e missões. CONCLUSÃO.





Roma, 25 de abril de 2010

Domingo do Bom Pastor





Caríssimos irmãos,

retomo a comunicação, desejando-lhes um tempo de graça à luz da Ressurreição do Senhor Jesus que, com o seu Mistério Pascal, encheu a história de alegria e esperança. E nós somos testemunhas disso. Essa é a nossa vocação e missão: caminhar "com os jovens para conduzi-los à pessoa do Senhor ressuscitado, a fim de que, descobrindo nEle e em seu Evangelho o sentido supremo da própria existência, cresçam como homens novos" (Const. 34).

Apresentei-lhes a Estreia para 2010 no último número dos Atos do Conselho Geral (n. 406). Logo depois lhes escrevi novamente para fazer um apelo à solidariedade fraterna pelos nossos irmãos do Haiti. Após a minha visita àquele povo provado escrevi novamente compartilhando a minha experiência e a minha avaliação da situação, e dando a conhecer todos os projetos de reconstrução. Renovo a expressão de gratidão pela resposta generosa com que todas as Inspetorias se fizeram presentes e pelas numerosas iniciativas das casas e obras para envolver as comunidades educativas no esforço de dar um rosto à Providência, a fim de ajudar o povo haitiano a ressurgir dos escombros, a ressuscitar como homens e mulheres novos.

Aconteceram, certamente, outros fatos de Congregação, importantes e significativos, como a unificação das Inspetorias da Argentina em 31 de janeiro de 2010, mas não me detenho a refletir sobre eles, até porque a informação de ANS chega sempre muito pontual e tempestivamente a todos.

Passo logo à apresentação desta carta. Quanto ao gênero literário ela é muito diversa das últimas três cartas (aquela sobre o 150º aniversário de fundação da Congregação Salesiana [ACG 404], a outra pelo centenário da morte do padre Rua [ACG 405] e a da Estreia sobre a evangelização [ACG 406]), mas é tanto ou mais importante do que elas. Primeiramente, porque tem a ver com a nossa missão que, como diz o art. 3 das Constituições "dá a toda a nossa existência o seu tom concreto, especifica a tarefa que temos na Igreja e determina o lugar que ocupamos entre as famílias religiosas". Sobretudo, porém, porque, em obediência ao que é pedido pelo CG26, estamos levando adiante o repensamento da nossa pastoral.

Acredito que a reflexão que se faz na UPS, em outros centros de estudo da Congregação e nas Inspetorias encontrará um ponto de referência nesta minha apresentação da Pastoral Juvenil Salesiana. De fato, recolho na carta o que se faz na Congregação e como se deveria fazer a Pastoral Juvenil Salesiana. Mas gostaria de ajudar a entender o porquê.

A citação bíblica que escolhi para introduzir esta carta parece-me muito iluminadora. Diversamente do conhecido trecho do capítulo 10 do Evangelho de João, no qual Jesus se autoapresenta como o Bom Pastor, no texto de Marcos 6,30-44 temos uma manifestação concreta da mente, do coração e das mãos pastorais de Cristo.

Ao contemplar a multidão imensa que o aguarda, o evangelista diz que Jesus "encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas". E a sua comoção de bom pastor exprime-se antes de tudo em pôr-se "a ensinar-lhes muitas coisas" e, só depois, no multiplicar o pão e saciar a fome de toda aquela gente.

Isso quer dizer que para Jesus, a primeira reação da compaixão pastoral é a evangelização, inseparável porém do seu esforço de satisfazer também as necessidades primárias das pessoas, como o comer.

Quero oferecer uma visão coerente e clara do estado atual da Pastoral Juvenil Salesiana. Digo-lhes desde já, que este texto deveria ser objeto de estudo pelos Inspetores, Conselhos Inspetoriais, diretores e formandos. Tenho a impressão de que o modelo pastoral da Congregação não é plenamente conhecido e menos ainda assumido, até mesmo nas Inspetorias mais dinâmicas e nos agentes pastorais mais zelosos. Estou convencido de que se deveria pôr em ação uma autêntica 'revolução cultural' na Congregação que, ao mesmo tempo, seria uma verdadeira 'conversão' aos jovens. Espero, pois, que a apresentação da nossa Pastoral Juvenil Salesiana seja lida com o olhar de Jesus, que nos ensina a ver o que não veem nem mesmo aqueles que o procuram, ou seja, o abandono, a falta de guias em que os jovens estão a viver hoje. Assim, a nossa ação educativo-pastoral será revelação de Deus, manifestação de que "Deus Caritas est".



1. A CAMINHADA DA CONGREGAÇÃO NA EVOLUÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA APÓS O CONCÍLIO VATICANO II



A ação educativa e catequética salesiana fora estruturada segundo o modelo do Oratório de Valdocco em cujo interior, para responder à necessidade dos jovens, tinham-se desenvolvido uma casa para hospedar os jovens sem família ou distantes dela, oficinas de artes e ofícios para ensinar um trabalho e uma escola para os jovens que podiam fazer os estudos literários ou científicos.

A animação dessas obras foi confiada a algumas figuras que formavam o núcleo da comunidade: o Diretor, centro de unidade e guia da comunidade em seu trabalho educativo-pastoral; o Prefeito, primeiro colaborador do Diretor e também responsável da administração; o Conselheiro, responsável da disciplina e do aspecto acadêmico e organizativo; o Catequista, que animava o aspecto religioso, a formação catequética, os grupos... Esse modelo orientou a evolução das obras educativas da Congregação e permaneceu codificado nas Constituições e Regulamentos até 1972.

Começou-se a sentir, nos últimos cinquenta anos, a necessidade de adequar esse modelo às novas situações sociais. Iniciou-se, então, a caminhada de repensamento e renovação da prática educativa e pastoral, que nos levou ao atual modelo pastoral.



1.1. Uma longa caminhada



1.1.1. Os primeiros passos: do CG19 (1965) ao CG21 (1978)



O CG19 é o primeiro ato de consciência comunitária na Congregação sobre a mudança que se vai operando na área juvenil e a exigência de reformular a práxis educativo-pastoral tradicional. Inicia-se com alguns retoques parciais, mas sobretudo tenta-se a primeira renovação das estruturas centrais de animação e governo para torná-las mais adequadas à nova situação, na fidelidade ao projeto original.1

Até aquele momento, as estruturas de animação e governo da missão da Congregação articulavam-se segundo os principais setores da atividade: um Conselheiro do Capítulo Superior encarregado da escola, outro da formação profissional, o Catequista que coordena a animação dos aspectos religiosos e a formação cristã... O CG19 adota, ad experimentum, até o Capítulo Geral seguinte, a estrutura de animação mundial que manifesta uma visão mais unitária da pastoral salesiana, criando o Conselheiro para a Pastoral Juvenil, que assume a responsabilidade da animação de todos os setores da pastoral salesiana nas diversas obras.2 Em nível inspetorial, de modo correspondente, instituem-se Delegados inspetoriais encarregados das várias atividades com tarefas de estudo, realização, organização e coordenação.

Quanto aos conteúdos da Pastoral Juvenil, o Capítulo apresenta apenas algumas prioridades; o Oratório "oportunamente atualizado e redimensionado... para que consiga atrair e servir o maior número de jovens, com variedade de instituições (centros juvenis, clubes, associações variadas, cursos, escolas noturnas)".3 Elabora um documento específico para as Escolas Profissionais, pedindo às Inspetorias a "criação de uma comissão para a educação dos jovens trabalhadores com tarefas de estudo, documentação e consultoria a serviço das casas".4 Em nível central, sob a presidência do Conselheiro para a Pastoral Juvenil, institui uma Comissão central para a educação dos jovens trabalhadores.

O CG20 (CGE), em seu esforço de repensar a vida e a missão da Congregação reformula a missão salesiana e os seus destinatários, reafirmando a "prioridade absoluta da Pastoral Juvenil",5 apresenta as atitudes pastorais fundamentais que devem orientar os Salesianos em sua ação pastoral6 e encoraja a abrir a presença salesiana às novas necessidades dos jovens mediante "novas presenças" que alarguem os horizontes da ação pastoral realizada nas obras tradicionais.7 Ao mesmo tempo, confirma a nova estrutura de animação central da PJ incluindo-a nas Constituições.8

O CG21, ao assumir as orientações do CG20, repensa-as e desenvolve-as propondo os conteúdos educativos no interior do quadro de referência amadurecido até aquele momento; propõe as linhas fundamentais para um Projeto Educativo-Pastoral que responda à nova situação dos jovens;9 confirma a integração estrita entre educação e evangelização no sistema educativo salesiano.10 E também empenha as Inspetorias a repensar o Sistema Preventivo, estudar a atual condição juvenil, exprimir de maneira adequada as finalidades, os conteúdos e o estilo salesiano no Projeto Educativo-Pastoral, criar e fazer crescer em todas as obras salesianas a Comunidade educativo-pastoral.11 Estas orientações serão, depois, codificadas nas Constituições e Regulamentos pelo Capítulo Geral 22.12



1.1.2. A evolução das linhas do CG21 promovida pelo Dicastério (1978-1990)



O CG21 empenhara a Congregação numa profunda renovação da Pastoral Juvenil. Para ajudar as comunidades e as Inspetorias a entendê-la e assumi-la plenamente, o Conselheiro para a Pastoral Juvenil, P. Juan E. Vecchi, e a sua equipe fazem um grande esforço de aprofundamento dos elementos fundamentais do Projeto Educativo-Pastoral salesiano e da Comunidade educativo-pastoral, oferecendo instrumentos práticos para orientar a sua elaboração e qualificar os programas educativos e pastorais nas diversas obras segundo a orientação dos Capítulos.13 Mediante estes instrumentos, o Dicastério orienta as Inspetorias a conhecer, assumir e desenvolver na própria situação concreta as linhas centrais do modelo de Pastoral Juvenil salesiana como realidade unitária e orgânica.14

Deve-se reconhecer que esse esforço de reflexão, formação e comunicação sistemática e global é seguido pelas Inspetorias um tanto irregularmente. Enquanto algumas Regiões e Inspetorias o assumem e experimentam, outras, devido a causas diversas, continuam com o modelo anterior, às vezes, apenas mudando alguns nomes. Em geral, percebe-se a dificuldade dos irmãos e comunidades de assumirem a nova mentalidade e renovarem a práxis cotidiana.



1.1.3. Os Capítulos Gerais 23 (1990) e 24 (1996)



Em seguida, o CG23 acolhe a caminhada precedente da Congregação e apresenta uma proposta unitária de caminhada pastoral, que aceita organicamente todos os elementos fundamentais da Proposta educativo-pastoral salesiana.

O Reitor-Mor dizia em seu relatório ao Capítulo sobre o estado da Congregação: "A área da Pastoral Juvenil precisa de uma séria nova consideração orgânica e operativa [...] A julgar em nível mundial, pode-se dizer que a área juvenil foi objeto de encorajamentos gerais, mas não de impulsos estruturais inovadores, decisivos e operativos, com aplicação de pessoas, meios e orientações vinculantes".15 Pode-se afirmar que o CG23 é a resposta para esta necessidade: a apresentação unitária, orgânica e operativa de toda a Proposta pastoral salesiana.

O Capítulo propõe à Congregação as linhas fundamentais de um itinerário salesiano de educação à fé que corresponda à complexa condição juvenil em seus diversos contextos e realize na práxis a síntese entre educação e evangelização que caracteriza o nosso sistema educativo; ele apresenta, de forma dinâmica e progressiva, os elementos centrais das quatro áreas do itinerário de educação à fé, áreas que correspondem perfeitamente às quatro dimensões da proposta educativo-pastoral salesiana, ou seja, a área da maturidade humana, a área do encontro com Jesus Cristo, a área da pertença eclesial, a área do compromisso pelo Reino.16

O Capítulo desenvolve também os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana que, como projeto original de vida cristã e caminho de santidade, constitui a meta e a inspiração que deve orientar e sustentar toda a caminhada de educação à fé.17

Além de apresentar os conteúdos, os valores e o itinerário da proposta, o Capítulo também oferece algumas orientações para torná-la operativa: a comunidade salesiana, animadora da comunidade educativo-pastoral, como sujeito fundamental da proposta;18 a animação pastoral inspetorial que favoreça e promova a unidade orgânica dos diversos aspectos da pastoral (o Delegado para a Pastoral Juvenil e sua equipe);19 a orientação vocacional como elemento qualificador do itinerário;20 a importância da comunicação social como caminho e forma atual para a evangelização.21

Após o Capítulo, várias Inspetorias empenharam-se com diligência e entusiasmo para pôr em ação concretamente no próprio contexto as orientações do itinerário de educação à fé. Muitas vezes, porém, a escassa formação dos animadores torna esses itinerários pouco operativos.

O CG24 aprofunda um aspecto central do modelo pastoral, o seu sujeito fundamental, a comunidade educativo-pastoral, na qual Salesianos e leigos compartilham o espírito e a missão de Dom Bosco. À luz da ampla revisão da situação e da caminhada feita na Congregação, o Capítulo apresenta as motivações eclesiais, carismáticas e culturais que convidam a ir além e oferece os critérios de ação e as orientações operativas necessárias.

A novidade, dizia o Reitor-Mor à conclusão do Capítulo, "provém da irrupção dos leigos no horizonte salesiano e da inserção da sua experiência novamente compreendida no coração do carisma".22 O Capítulo convida-nos a passar da aceitação dos leigos como simples colaboradores ao seu envolvimento real na missão, da ajuda operativa à verdadeira e própria corresponsabilidade, de relações sobretudo funcionais à profunda comunicação interpessoal e coletiva ao redor dos valores da pedagogia e da espiritualidade salesiana, e tudo isso com itinerários sistemáticos de formação qualificada.

Dessa forma, o CG24 confirma e aprofunda a importância da CEP como a forma concreta de realizar o projeto educativo-pastoral salesiano, envolvendo, em clima de família, jovens, educadores, religiosos e leigos; define o papel específico da comunidade religiosa salesiana na animação da CEP e os critérios fundamentais para a formação pastoral salesiana que a deve animar.23



1.2. Os grandes horizontes desta caminhada



Ao longo deste percurso, a Congregação descobre e reafirma alguns aspectos característicos da sua práxis pastoral que acredito ser importante apresentar sinteticamente para entender melhor o conjunto do quadro fundamental de referência da Pastoral Juvenil Salesiana.



1.2.1. Uma percepção sempre mais aprofundada da nova situação dos jovens



Os ambientes e contextos, sociais e eclesiais, transformaram-se profundamente. Os jovens vivem novos valores e possuem novos critérios de vida, que constituem uma verdadeira nova cultura; os anéis tradicionais da transmissão cultural e religiosa (a família, a escola, a Igreja...) debilitaram-se e entraram frequentemente em crise. A situação em que se deve atuar o trabalho educativo e pastoral é diversa e em contínua mutação. Não é possível, pois, limitar-se a pequenos retoques para ajustar a práxis tradicional, nem pensar num esquema de ação igual para todos.

Com esta consciência sempre mais explícita começa-se a desenhar uma "nova" presença salesiana entre os jovens,24 uma "nova evangelização",25 uma nova educação26 até mesmo um "novo sistema preventivo".27 Com estas afirmações quer-se expressar a necessidade de repensar e aprofundar os conteúdos e a organização da educação e pastoral salesianas, em resposta à nova situação dos jovens.



1.1.2. O esforço de reformulação dos conteúdos e das modalidades educativas e pastorais tradicionais



Os repetidos e urgentes apelos da Igreja a renovar a catequese e a formação cristã, sobretudo dos jovens inseridos em contextos profundamente secularizados, dando prioridade à evangelização e ao anúncio renovado de Jesus Cristo, assim como a experiência da inadequação de muitas propostas oferecidas em nossos ambientes educativos, fazem sentir a urgência de repensar em profundidade os conteúdos e as modalidades da educação à fé, particularmente em torno de alguns pontos fundamentais:

  • Antes de tudo, a unidade e a totalidade da proposta educativo-pastoral, superando a fragmentação de uma práxis que considera a pastoral como um setor ('o aspecto religioso') que se acrescenta aos demais aspectos da ação educativa, mais do que a qualidade que caracteriza toda a proposta. Pensar a ação pastoral como unidade orgânica significa vê-la como processo único no qual os diversos elementos que o constituem se articulam e qualificam reciprocamente, contribuindo juntos para a realização da mesma finalidade, que é o desenvolvimento integral do jovem considerado na totalidade do seu ser.

Manifestação desta unidade é a relação estreita existente entre as quatro dimensões da pastoral salesiana (dimensão educativa, dimensão evangelizadora, dimensão associativa e dimensão vocacional) a serem pensadas e realizadas em íntima união, de modo especial a educação e a evangelização: uma educação que desenvolve o sentido religioso da vida e abre e favorece o processo de evangelização, e uma evangelização que propõe à educação um modelo de humanidade plenamente realizada e respeita a dinâmica educativa em seu desenvolvimento.

  • O sentido comunitário da proposta salesiana, que nasce da comunidade e cria comunidade. O verdadeiro sujeito da pastoral salesiana é a comunidade educativo-pastoral na qual os salesianos e leigos compartilham o espírito e a missão salesiana. A comunidade religiosa salesiana assume nessa comunidade educativa ampliada as tarefas especiais de testemunho, animação, comunhão e formação, como afirma o CG24.28

  • A mentalidade de projeto. Embora a elaboração do Projeto Educativo-Pastoral tenha sido exigida das Inspetorias em 1978,29 codificada nos Regulamentos Gerais seis anos mais tarde30 e aprofundada pelo Dicastério com um conjunto de orientações que esclareciam os seus conteúdos e metodologia, a sua atuação concreta não foi fácil. As comunidades não conseguiam entender que se tratava não tanto de elaborar um documento no qual fossem apresentadas as múltiplas atividades e intervenções que se queriam desenvolver na obra educativa, quanto sobretudo organizá-las e coordená-las de tal modo que constituíssem um itinerário progressivo para objetivos concretos e verificáveis, com opções claras de prioridade e sequencialidade. De fato, sem essa mentalidade de projeto, este não conseguia guiar e orientar a práxis cotidiana.

  • O estilo de animação que exprime na nova situação juvenil alguns elementos centrais do Sistema Preventivo: o estilo de presença entre os jovens que privilegia as relações interpessoais sobre os institucionais, o acompanhamento que se preocupa sobretudo com o aprofundamento das motivações das orientações, mais do que com a sua simples realização, a intervenção que cria comunhão e convergência em torno de um projeto compartilhado mais do que com a multiplicação de iniciativas.



1.2.3. Expansão do campo de ação em resposta à nova situação.



Com a crise das agências educativas tradicionais surgem novos lugares e novas experiências, que se tornam significativas para os jovens e capazes de transmitir valores e estilos de vida. Com a dilatação da idade juvenil surgem também novas possibilidades de formação e envolvimento; um ambiente progressivamente secularizado e a multiplicação da marginalização juvenil apresentam novos desafios e abrem novas possibilidades de educação entre os jovens.

Por isso, desenvolvem-se em todos os lugares "novas presenças" que tentam formas renovadas de aproximação e encontro com os jovens, tanto na área da marginalização juvenil, como também no campo do associacionismo, que amadurece em torno de 1988 no Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana); surgem também Centros de pastoral juvenil e catequese, iniciativas de comunicação social voltadas aos jovens a fim de desenvolver novas linguagens e novos campos de expressão juvenil, Centros de espiritualidade, uma atenção maior ao mundo dos jovens universitários através de pensionatos e centros juvenis para eles, o desenvolvimento do voluntariado missionário etc.

Se, de início, várias destas novas presenças aparecem como justaposição e, às vezes, em contraposição com as presenças tradicionais, elas são progressivamente assumidas pelas Inspetorias e integradas em seus projetos educativo-pastorais. Mais ainda, o tema da "nova presença" estende-se a todas as obras, levando à renovação da sua práxis pastoral de modo que se tornem novas formas de presença e serviço educativo entre os jovens.

O novo tipo de presença exige uma nova ordem educativa e pastoral, uma nova relação com a comunidade eclesial e o território; por isso, lentamente, mas sem interrupção, as Inspetorias renovam as próprias presenças e tentam torná-las mais significativas (Escolas, Formação Profissional, Oratórios e Centros juvenis...).

A partir do CG20 dá-se um rápido aumento das presenças paroquiais, que deixam de ser consideradas como 'excepcionais', multiplicando-se na Congregação; esse incremento, porém, acontece com uma notável dificuldade de assumir nelas as novas perspectivas e a identidade da pastoral salesiana. Em seu relatório ao CG22 (1984), o Reitor-Mor manifesta as dificuldades percebidas para dar às nossas presenças paroquiais um aspecto juvenil e uma organização coerente com a proposta educativo-pastoral salesiana; o modelo operativo de pastoral juvenil e os itinerários de educação à fé não foram nem explicitados nem assumidos.31



1.2.4. Renovação das estruturas de animação e governo pastoral na Congregação e nas Inspetorias



Após o CG19, a Congregação sente a necessidade de renovar as estruturas de animação pastoral. Na nova situação, marcada pela enorme variedade de contextos nos quais os Salesianos atuam, não se pode imaginar que um único programa ou esquema operativo possa aplicar-se de forma unívoca em todos os lugares. As orientações e o quadro de referência geral devem ser retomados pelas Inspetorias a fim de adequá-los à própria situação, em diálogo com as características sociais e culturais do lugar. Por isso, é indispensável desenvolver nas Inspetorias um sistema de animação e governo pastoral capaz de fazer essa reflexão e acompanhar as comunidades locais no colocar em prática o modelo pastoral, garantindo também uma comunicação ágil com as outras Inspetorias e com o centro da Congregação.

A unidade orgânica da pastoral salesiana exige que haja um só ponto de referência para toda a pastoral em suas diversas manifestações e setores, que são o Conselheiro para a Pastoral Juvenil em nível mundial e o Delegado para a pastoral juvenil em nível inspetorial; a eles compete animar e orientar os diversos setores e âmbitos da pastoral na unidade e na coordenação operativa: por isso, exige-se ao lado do Delegado também a presença de uma equipe que compartilhe com ele a responsabilidade da animação.

Esta estrutura foi plenamente definida no CG2332 e difundiu-se por toda a Congregação. A dificuldade está no assumir por parte dos irmãos esta importante função de animação pastoral, que não pode reduzir-se a organizar algumas atividades com os jovens ou coordenar alguns eventos ou setores, mas acompanhar as comunidades locais em seu esforço de realizar o modelo da pastoral, superando a tendência ao setorialismo e crescendo na mentalidade de projeto e na dimensão comunitária da pastoral juvenil. O Delegado, com a colaboração da equipe, deve coordenar todos os setores da pastoral da Inspetoria, procurando que estejam presentes em cada um deles as quatro dimensões fundamentais da pastoral e se atue uma verdadeira convergência operativa a serviço da mesma missão educativa e de evangelização dos jovens. Isso exige um Delegado com dedicação exclusiva e capacidade de contato com as comunidades locais e uma ligação estreita da animação pastoral com o governo da Inspetoria, o Inspetor com o seu Conselho.

Em algumas regiões, não foi fácil entender a nova orientação e, sobretudo, colocá-la em prática, com a consequente excessiva lentidão na assimilação e prática do modelo pastoral. Percebeu-se que as Inspetorias que contam com uma equipe de animação pastoral, constituída segundo os critérios renovados, um Conselho inspetorial que dedica tempo à reflexão pastoral, um contínuo diálogo e intercâmbio com o Dicastério e com outros organismos intermediários de animação (Conferências, Centros nacionais etc.) progridem de fato no desenvolvimento de uma pastoral juvenil salesiana dinâmica, significativa e correspondente às novas situações.



1.2.5. O ponto focal de atenção: a qualidade da ação educativo-pastoral



Uma primeira visão do caminho percorrido a partir de 1970 apresenta-nos um desenvolvimento de tipo prevalentemente extensivo. O que se exigia particularmente das novas frentes missionárias, das necessidades sociais emergentes, da inserção de forças leigas em nossas obras. Deu-se, por isso, a ampliação das obras e a multiplicação das presenças em quase todas as Inspetorias.

A ampliação acabou, porém, por produzir frequentemente certa desqualificação nas comunidades enfraquecidas e sobrecarregadas de tarefas de organização e gestão; e, sobretudo, não regenerou as forças como era de se esperar.

Houve nos últimos vinte anos, uma insistência sobretudo na concentração e não na qualificação da ação educativo-pastoral. Em não poucos setores da sociedade complexa a qualidade apresenta-se hoje como condição para se ser significativo e também para ter peso. Tentou-se, então, concentrar os esforços de animação na qualidade, sobretudo nestes aspectos:

  • não contentar-se com uma pastoral de primeiros passos, de entretenimento, de propostas genéricas ao grande grupo ou apenas da questão administrativa ou gerencial das atividades, mas concentrar as intervenções no objetivo do amadurecimento humano e da educação à fé, com propostas explícitas e densas, dedicando tempo e recursos ao acompanhamento sistemático de grupos e pessoas, oferecendo diversidade de propostas segundo o nível alcançado...

  • garantir um itinerário sistemático de evangelização (anúncio de Jesus Cristo) e de educação à fé, capaz de levar os jovens ao encontro pessoal com Jesus e com a Igreja; educar ao sentido vocacional da vida e ao trabalho solidário, que suscite e acompanhe vocações de especial empenho e consagração na Igreja e na Família Salesiana,

  • desenvolver a dimensão educativa em nossas obras e em nossas propostas, promovendo a personalização dos valores e a busca do sentido cristão da vida, cuidando do tipo de cultura que transmitimos nos conteúdos e nas metodologias educativas utilizadas, estimulando a atenção e a aceitação dos outros e o cuidado do bem comum, dando atenção especial ao desenvolvimento da dimensão religiosa da pessoa...

  • envolver com mais corresponsabilidade e qualificar os agentes da pastoral, comunidades salesianas, leigos colaboradores, animadores juvenis etc. para que sejam capazes de responder adequadamente aos desafios educativos e pastorais dos jovens de hoje e viver a missão com entusiasmo e dinamismo.

Foram estas as preocupações prioritárias na animação pastoral dos últimos anos.



2. A SITUAÇÃO ATUAL



No final dos anos oitenta, havia um patrimônio de reflexão e práxis pastoral salesiana extraordinariamente rico e consistente, do qual se sentia a necessidade de ter uma visão de conjunto e recolher as suas linhas fundamentais numa síntese organizada e compartilhada para facilitar a sua a assimilação pessoal e a orientação da práxis. O Dicastério da Pastoral Juvenil procurou responder a essa necessidade oferecendo às Inspetorias e comunidades a acima indicada coleção orgânica e promovendo nos últimos anos um processo sistemático de formação pastoral, particularmente dos irmãos com responsabilidade de animação e governo, insistindo em alguns pontos que acreditou bom evocar.33



2.1. Conhecimento e assimilação do modelo de pastoral



As diversas Inspetorias e comunidades fizeram um esforço notável de assimilação e trabalharam para atuar as linhas fundamentais do modelo pastoral, a fim de responder de maneira sempre melhor às novas exigências da juventude. Experimentaram-se nessa caminhada algumas dificuldades, como a diferença entre a quantidade de propostas recebidas e a possibilidade de atuá-las, o ritmo diverso de assimilação da nova mentalidade pastoral pelas comunidades e Inspetorias, o aumento das exigências e das necessidades que levam com frequência a uma ação dispersiva e pouco programada, deixando pouco espaço à reflexão. Consequência disso tudo é que as Inspetorias só conseguem assimilar e, sobretudo, traduzir em prática as orientações da Congregação com esforço e de forma limitada.

Este modelo pastoral foi apresentado e aprofundado nos últimos anos com todas as equipes interinspetoriais de Delegados para a pastoral juvenil, verificando a caminhada feita, esclarecendo os elementos fundamentais, especialmente a compreensão da unidade e da integralidade da pastoral salesiana na pluralidade das obras, serviços e atividades, ajudando a superar o setorialismo ainda bastante presente. O modelo pastoral também foi estudado nos encontros de Inspetores nas Conferências inspetoriais; algumas Regiões e Inspetorias foram acompanhadas, promovendo nelas um maior conhecimento das linhas fundamentais e uma coordenação pastoral mais eficaz.

Neste esforço de assimilação, contudo, percebem-se com frequência concepções redutivas da pastoral, como quando esta se reduz à ação imediata, que favorecem uma visão pouco unitária entre pastoral, vida comunitária e espiritualidade, tornando difícil viver a unidade vocacional e o desenvolvimento integral do "Da mihi animas".

A espiritualidade salesiana, expressão concreta da caridade pastoral, é o elemento fundamental da ação pastoral salesiana: ela é fonte da sua vitalidade evangélica, critério de discernimento e enfrentamento dos desafios cotidianos, fonte do entusiasmo e da paixão apostólica, fundamento da unidade de todos os que compartilham e colaboram na missão. "Para nós, a recuperação da espiritualidade não pode ser desvinculada da missão... Por isso, torna-se inconcebível e injustificável acreditar que a missão seja um obstáculo para o encontro com Deus e para cultivar a intimidade com Ele".34

Da mesma forma, a vida comunitária não é apenas uma ajuda prática à eficácia da ação pastoral, mas seu elemento fundamental: "Viver e trabalhar juntos é para nós salesianos exigência fundamental e caminho seguro para realizarmos a nossa vocação" (Const. 49). Como o CG25 nos recordava, "o primeiro serviço que os jovens esperam de nós é o testemunho de uma vida fraterna que seja resposta à sua profunda necessidade de comunhão, proposta de humanização, profecia do Reino, convite a acolher o dom de Deus".35

Espiritualidade, comunidade e ação pastoral exprimem, juntas, a riqueza da nossa missão a partir de pontos de vista diversos, e devem ser pensadas e vividas em contínua correlação e em profunda unidade.



2.2. Uma relação mais sistemática do Dicastério com as equipes dos Delegados inspetoriais para a PJ



Estratégia importante neste esforço foi promover em todas as Regiões ou grupos de Inspetorias a colaboração sistemática dos Delegados inspetoriais com encontros regulares de revisão, estudo e programação. O contato frequente e o acompanhamento do Dicastério em relação às equipes inspetoriais permitiu orientar a ação pastoral de cada Inspetoria segundo o encaminhamento da programação do sexênio e promover uma fecunda ligação entre elas.

A fim de facilitar a relação e o diálogo entre o Dicastério e as equipes dos Delegados inspetoriais criou-se o "Conselho Mundial" com representantes de todos os grupos interinspetoriais de Delegados, que constitui um momento forte de reflexão e aprofundamento sobre aspectos centrais da pastoral, favorecendo a unidade de visão e orientação.

Ao olhar para cada Inspetoria, constata-se que se entendeu e apreciou mais a função de animação do Delegado inspetorial e da equipe, por exemplo, na escolha do Delegado, na continuidade do serviço, na revisão e redimensionamento da equipe inspetorial, a fim de que se seja mais operativa e eficaz, etc.; em algumas Inspetorias, porém, deve-se reconhecer que ainda é preciso reforçar a figura do Delegado e o seu papel de coordenador de toda a Pastoral.



2.3. Alguns aspectos da renovação pastoral



  • Abertura generosa e criativa a novas fronteiras juvenis, sobretudo às novas e velhas pobrezas (meninos de rua, drop-out, imigrantes...), ao mundo do associacionismo juvenil e às novas linguagens (música, teatro, turismo...), ao voluntariado e, de modo mais modesto, mas significativo, à área da espiritualidade juvenil (casas e equipes de espiritualidade juvenil).

Estes setores, na verdade, ainda não estão plenamente integrados no Projeto das Inspetorias. Eles encontram dificuldade para se coordenarem com as presenças mais institucionalizadas, como as escolas, as paróquias etc. e, com frequência, a sua gestão e organização exigem tanto esforço que restam aos salesianos encarregados poucas energias para preocupar-se com a qualidade e sistematicidade da proposta educativa nelas oferecidas.



  • Sensibilidade renovada para dar mais qualidade educativa e evangelizadora à proposta educativo-pastoral que oferecemos em nossas obras, mediante o repensamento do Sistema Preventivo, a fim de adequá-lo aos novos desafios apresentados pelo mundo da educação, às novas exigências do trabalho com os jovens em situação de risco, à urgência de renovação da evangelização e à educação à fé.

A vontade de renovação, porém, tem dificuldade de se traduzir em programas e processos concretos. De fato, a nossa pastoral ainda é pouco missionária, isto é, apresenta escassa atenção ao primeiro anúncio e ao anúncio renovado do Evangelho, não encontra a forma de adequar-se às possibilidades do grande grupo, embora sem esquecer as necessidades dos mais abertos e disponíveis; falta sistematicidade na pastoral vocacional, animada pela comunidade e inserida realmente na pastoral juvenil ordinária. Por isso, a grande multiplicidade de iniciativas promovidas consegue, só a duras penas, gerar um sólido itinerário de educação à fé, que ajude os jovens a personalizá-la e integrá-la em suas vidas.



  • Processos sistemáticos de formação pastoral e salesiana dos educadores

Há nas Inspetorias uma preocupação pela formação pastoral e salesiana dos colaboradores e animadores juvenis, com muitas iniciativas: cursos de formação para os professores das escolas e dos centros de formação profissional, centros de formação para os animadores juvenis, encontros diversos nas comunidades e Inspetorias etc. Há, também, alguns centros para a formação pastoral e salesiana dos Salesianos e colaboradores leigos como o Centro Regional de Formação Permanente de Quito, para a Região Interamérica, que integrou em seu programa a formação pastoral e está desenvolvendo um curso de formação pastoral para Delegados e membros das equipes inspetoriais de pastoral juvenil; o Centro Dom Bosco de Lyon (França) ou o "DonBoscovormingscentrum" da Bélgica Norte etc. Em colaboração com as IUS e a Comissão Americana da Escola Salesiana na América teve início um curso virtual para a formação salesiana dos professores da escola, segundo as linhas do segundo encontro continental (Cumbayá II), do qual já participaram 702 professores.

No campo da formação pastoral, deve-se cuidar muito mais da sistematicidade das propostas, da sua consequência na vida cotidiana das obras, da coordenação e partilha das iniciativas e dos programas, da organização segundo o modelo da Pastoral Juvenil Salesiana que favoreça uma visão mais unitária e integral da pastoral; deve-se cuidar, ainda, do trabalho em equipe e em rede, e do desenvolvimento de metodologias adequadas para enfrentar positivamente a complexidade da pastoral e superar o setorialismo.

A formação pastoral dos Salesianos é o objetivo estratégico a perseguir de modo especial, para que eles possam ser animadores do novo modelo de Pastoral Juvenil e assumir a sua tarefa específica de promotores e guias da formação salesiana e pastoral dos colaboradores.36



3. OS DIVERSOS SETORES DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA



A pastoral juvenil salesiana é atuada num determinado território mediante a "pluralidade de formas, determinadas em primeiro lugar pelas exigências daqueles a quem nos dedicamos" (Const. 41) e dos ambientes nos quais os jovens vivem, sobretudo os ambientes de empobrecimento econômico, político e cultural. Mediante a pluralidade de obras e serviços, manifesta-se a sua unidade e, ao mesmo tempo, a sua riqueza. Toda obra ou estrutura contribui com a própria especificidade para o conjunto e também contribui para realizar o critério oratoriano do art. 40 das Constituições. A fim de exprimir com clareza a unidade da pastoral salesiana no território e na Igreja local, as diversas obras e serviços que constituem uma presença salesiana num determinado território devem ser pensadas em relação e complementaridade recíproca.37



3.1. Os Oratórios e Centros Juvenis



O Oratório está na origem e é o protótipo de toda obra salesiana. Como tal também é hoje a primeira forma de presença salesiana entre os jovens. Entretanto, hoje a realidade do Oratório assume múltiplas formas e características, tentando responder às necessidades e expectativas dos jovens e alcançar o maior número possível deles, de modo especial os mais pobres e carentes.

Em dezembro de 2007, contavam-se na Congregação 636 Oratórios festivos ou de fins de semana,38 mais de 164 Oratórios diários, que oferecem diversos serviços aos jovens depois do horário escolar; havia também 529 Centros Juvenis para os adolescentes e jovens; vários deles oferecem aos jovens desempregados e à margem do sistema escolar a possibilidade de adquirir uma formação de base ou preparar-se para um trabalho; alguns também tentam recuperar os jovens em graves situações de risco social.

A variedade de formas é uma grande riqueza, oferece muitas possibilidades de contato com a massa de crianças, adolescentes e jovens e um recurso educativo enorme. Contudo, também apresenta o risco de centrar a dinâmica do Oratório quase apenas nas atividades lúdico-recreativas, diminuindo as mais especificamente educativo-formativas. Por isso, várias Inspetorias empenharam-se no repensamento da identidade do Oratório e do Centro Juvenil e na recriação da própria metodologia pastoral original, envolvendo as comunidades salesianas e as comunidades educativas com os diversos grupos da Família Salesiana. Trata-se de um esforço a encorajar e acompanhar.

Deseja-se garantir a abertura do Oratório-Centro Juvenil a todos os jovens, de modo especial aos mais pobres ou em situação de risco, aos que não conseguem alcançar outras estruturas e propostas educativas, de modo que o Oratório se torne a fronteira missionária da comunidade cristã. Busca-se uma metodologia pastoral que consiga responder às necessidades mais imediatas da grande massa dos jovens, sem esquecer, porém, as propostas de maior empenho e exigência para os jovens dispostos a seguir um intenso itinerário formativo.

O próprio ambiente do Oratório de Valdocco, enquanto correspondia às necessidades de diversão e de formação elementar para a maioria dos jovens, oferecia aos melhores propostas árduas de formação e de compromisso cristão. Ainda mais, havia ali uma dinâmica que suscitava nos jovens a vontade de crescer e aprofundar a própria formação, a passar das simples necessidades esportivas ou instrutivas a esforços mais sistemáticos e profundos de formação humana e cristã, de consumidores de atividades a seus protagonistas e animadores, além de criadores do ambiente educativo a serviço dos colegas. Como traduzir essa característica das origens em nossos atuais ambientes oratorianos?

Outro desafio ao qual se quer responder é fazer do Oratório-Centro Juvenil uma verdadeira comunidade educativa com forte identidade e dinâmica formativa, expressa num ambiente profundamente humano e cristão; nesse ambiente, oferece-se a presença significativa dos Salesianos e educadores entre os jovens, a compartilhar a própria vida; oferecem-se, também, propostas educativas diversificadas segundo a realidade e as necessidades dos próprios jovens, do crescimento da corresponsabilidade dos leigos e dos jovens animadores ao redor do PEPS, compartilhado por todos, da dinâmica formativa e do acompanhamento adequado dos grupos e das pessoas que ajude a personalizar as propostas e oportunidades oferecidas.



3.3. A Paróquia confiada aos Salesianos



O trabalho dos Salesianos no campo paroquial exprime-se, sobretudo, mediante paróquias confiadas à Congregação e paróquias missionárias. O seu número cresceu notavelmente nestes anos. Em 2007 havia 1212 paróquias confiadas à Congregação e paróquias missionárias, nas quais mais de 3 mil salesianos tinham o cuidado pastoral de mais de 11 milhões de fiéis.

A maioria dessas paróquias localiza-se em bairros populares ou territórios de primeira evangelização. Em muitos lugares a paróquia confiada aos salesianos se faz acompanhar do Oratório, da escola ou também de um Centro de promoção social, com atenção especial aos jovens em situação de risco. Dessa forma, os salesianos, inseridos diretamente na estrutura de uma Igreja particular, oferecem-lhe a contribuição original e específica do seu carisma.

Apesar da notável quantidade de paróquias confiadas à Congregação, muitas vezes esse setor da pastoral salesiana não recebe das Inspetorias atenção, acompanhamento e coordenação convenientes. Promovem-se, nestes anos, a sua formação e coordenação, encontros interinspetoriais ou nacionais para aprofundar alguns desafios importantes em nossa presença salesiana no campo paroquial; ainda resta, porém, muito a fazer, e fazer melhor.

Eis alguns aspectos a aprofundar com urgência:

  1. Garantir a identidade salesiana no trabalho pastoral realizado na paróquia. Isso exige assumir algumas opções carismáticas na vida e na missão da comunidade paroquial; em particular:

  • construir a paróquia como comunidade de fiéis animada pela comunidade religiosa salesiana; comunidade articulada em grupos e comunidades menores nas quais aconteça uma comunicação maior, um trabalho mais intenso, uma participação mais real e uma relação visível entre todos os grupos e o ambiente humano e social da paróquia;

  • oferecer a todos uma proposta sistemática de evangelização e educação à fé, promovendo uma pastoral mais missionária, que busque a todos e entre em contato com todos, sobretudo com os jovens e os afastados, tornando-se dessa forma muitas vezes o primeiro lugar de encontro simpático e significativo com a Igreja, com uma proposta de evangelização ou de primeiro anúncio para os afastados e um itinerário continuado e gradual de educação à fé, sobretudo para os jovens e as famílias;

  • promover a opção juvenil garantindo que a pastoral juvenil não seja apenas um setor ao lado de outros, mas a qualidade distintiva de toda a vida paroquial, de modo que, na paróquia salesiana, os jovens sintam-se "em casa".

  1. Outro desafio importante é a promoção de uma metodologia pastoral mais missionária e salesiana, com grande sensibilidade educativa, capaz de tomar as pessoas no ponto em que se encontram para suscitar nelas o desejo de abrir-se à fé e envolver-se num itinerário contínuo e gradual de vida cristã, em sintonia com as preocupações e experiências da sua vida cotidiana, de modo especial dos jovens, descobrindo neles as sementes do Evangelho e a ação do Espírito.

  2. Deve-se também ajudar as comunidades paroquiais a elaborar o Projeto pastoral unitário, global e compartilhado, que dê unidade e continuidade a todas as iniciativas nela oferecidas.

A fim de progredir nessa direção é fundamental cuidar da formação pastoral dos Salesianos dedicados à animação da paróquia e dos leigos colaboradores, e uma coordenação inspetorial capaz de acompanhar e apoiar as comunidades paroquiais nesse caminho.



3.3. A Escola é o mundo da educação formal



A presença salesiana no campo da educação formal e especialmente na escola é uma das mais consistentes, significativas e difundidas.

Em 2007, a Congregação era responsável por 1208 Institutos escolares de diversos níveis, com pouco mais de um milhão de alunos, sobretudo na faixa dos pré-adolescentes, embora no último sexênio tenham aumentado notavelmente os alunos das escolas superiores, particularmente de nível universitário. Os salesianos atuantes no campo escolar são 2286 com dedicação exclusiva e 1364 com dedicação parcial, com a colaboração de um batalhão muito grande de leigos, quase 60 mil.

A escola salesiana é uma presença cristã significativa no mundo da educação e da cultura; ajuda os jovens a se prepararem com dignidade para a vida e contribui para formar a mentalidade e transformar a sociedade segundo os valores humanos e cristãos; por isso, é um instrumento fundamental para a evangelização. Em várias nações da Ásia ou da África, a escola é, muitas vezes, a única forma permitida de presença da Igreja; nela a comunidade cristã oferece um testemunho de serviço desinteressado aos setores mais pobres da sociedade, um ambiente humano permeado pelos valores evangélicos, como testemunho silencioso de Jesus Cristo, e também uma oportunidade preciosa de as famílias cristãs do lugar educarem cristãmente seus filhos.

Nestes anos, a Congregação fez um esforço notável para renovar a sua presença neste campo, sobretudo nos seguintes aspectos principais:



  1. A qualidade educativa e pastoral do ambiente no qual se vive, dos programas e propostas oferecidos, da metodologia utilizada, da própria estrutura e dos próprios recursos materiais, das pessoas nela empenhadas mediante um PEPS operativo e compartilhado por toda a comunidade educativa, de modo que seja capaz de orientar e guiar a dinâmica cotidiana da escola.

Neste sentido, é importante superar o perigo de considerar a pastoral como um setor ao lado de outros, mais do que a qualidade de toda a vida da escola, da cultura, da metodologia, das relações, das propostas etc. que nela se apresentam e se realizam; muitas vezes, isso é bem apresentado nos documentos, mas permanece um desafio que se deve ainda traduzir em prática na vida cotidiana da comunidade educativa.

  1. A comunidade educativo-pastoral esforça-se por construir a escola como comunidade humana a serviço da educação e da evangelização dos jovens e não só como instituição de serviços educativos. A escola é uma comunidade educativo-pastoral quando nela o centro é formado pelas pessoas, sobretudo os jovens, com relações interpessoais, com a participação dos valores da pedagogia e da espiritualidade salesiana, com o envolvimento e o protagonismo de todos em suas diversas funções.

  2. Uma escola plataforma eficaz e normal de evangelização, de modo especial mediante a promoção e transmissão de uma cultura e de uma mentalidade inspiradas nos valores evangélicos. A pastoral juvenil salesiana no campo da educação deve promover nos jovens não só a vida cristã, mas também uma cultura inspirada na fé e nos valores evangélicos, e deve ser alternativa à cultura do ambiente frequentemente caracterizada pelo secularismo, relativismo, subjetivismo, consumismo.

Os conteúdos culturais oferecidos na vida cotidiana de uma escola, nas diversas disciplinas, na metodologia, no ambiente, nas relações etc. nem sempre recebem a atenção necessária para garantir a coerência entre os conteúdos transmitidos ou as metodologias usadas e os valores da fé cristã, de modo que esta informe eficazmente a vida pessoal, profissional e social das pessoas e se estabeleça uma relação fecunda entre fé e cultura.

  1. Uma escola atenta e aberta aos jovens mais pobres, com dinâmica e metodologia que previne a falência escolar e ajude a superá-la com cursos de recuperação, aulas noturnas para os jovens que estão fora da estrutura escolar etc.; que promove, mediante as diversas matérias e atividades propostas, o contato e a inserção na realidade social, para descobrir as causas das situações de marginalização e exclusão ali vividas e suscitar o esforço de superá-las; uma escola que promove a cultura do diálogo, da colaboração, da aceitação do diverso, da solidariedade.

Estes objetivos foram favorecidos nestes anos através de um esforço sistemático e continuado que se atuou em várias regiões da Congregação. É exemplar o processo que se vai realizando na América salesiana a partir dos encontros continentais de Cumbayá (1994 e 2001) e Brasília (2008). As conclusões desses encontros foram aprofundadas nas diversas equipes inspetoriais e zonais para traduzi-las em programas operativos que orientem a ação das diversas comunidades educativas, ajudando-as a verificar a própria práxis educativa e transformá-la. Este trabalho é realizado com os vários grupos da Família Salesiana que administram escolas na América.

Algo semelhante vai-se fazendo também na Europa (encontros de Roma, em 1994 e 2000, de Cracóvia, em 2004, e Sevilha, em 2010) e na Ásia Sul, por meio das coordenações interinspetoriais ou nacionais.

No Brasil, com essas mesmas finalidades, os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora criaram a rede de escolas salesianas, pela qual se promove a formação dos professores e a elaboração de textos escolares segundo a pedagogia salesiana.

A caminhada de renovação exige certamente uma formação permanente dos educadores mais sistemática. Além do esforço das Inspetorias para garantir uma boa formação educativa e salesiana com programas sistemáticos, desenvolveram-se em algumas Inspetorias ou regiões, diversos centros e projetos de formação educativa e pastoral salesiana dos colaboradores leigos, de modo especial dos professores das nossas escolas.



3.4. A Formação Profissional e a preparação para o trabalho



Desde seus inícios, a Congregação Salesiana foi reconhecida e apreciada pelos seus centros de formação profissional; neles, oferecia-se aos jovens mais pobres, que frequentemente deviam trabalhar desde pequenos para ajudar a família ou não conseguiam acompanhar o itinerário escolar normal, uma formação humana e uma preparação de qualidade para o trabalho, que lhes permitia enfrentar com confiança e responsabilidade o próprio futuro. Ainda hoje, vários países que permitem a presença explícita da Igreja confiam-nos obras de formação profissional e, por meio delas, podemos dar um testemunho silencioso, mas claro, do Evangelho de Jesus Cristo.

As obras de formação profissional são muito variadas atualmente: das Escolas técnico-profissionais, cerca de 180, que oferecem aos jovens uma formação secundária sistemática que permite seguir uma ampliação posterior na Universidade, às Escolas de formação profissional (457), que oferecem aos jovens encaminhados ao trabalho uma preparação de qualidade, com um programa regular reconhecido. Entre estas escolas merecem atenção especial as 46 escolas agrícolas.

Multiplicaram-se nestes anos, no campo da formação profissional não formal, os mais de 300 pequenos centros de iniciação ao trabalho, que oferecem aos jovens trabalhadores ou aos que se iniciam no trabalho cursos breves e muito práticos para torná-los capazes de alguma qualificação.

Os centros de formação profissional favorecem e apoiam com frequência iniciativas concretas de auxílio para o emprego de jovens operários, cooperativas de mútuo socorro, centros de artesanato e outras iniciativas para facilitar o trabalho dos jovens mais pobres.

Nas sociedades modernas, em rápida evolução, o mundo da técnica e do trabalho é um setor que experimenta mudanças profundas e velozes; por isso, se quiser ajudar realmente os jovens a se inserirem neste mundo novo, a formação profissional deve modificar os seus programas, métodos e também os seus instrumentos.

Tudo isso a torna carente de apoio e orientação especiais, particularmente nestes aspectos:

  1. Promover a formação integral dos jovens. A formação humana, moral e espiritual é tão importante quanto a técnica e profissional. Com muita frequência, o aluno de um centro profissional de Dom Bosco é preferido aos demais sobretudo pelas qualidades da sua personalidade, mais ainda do que pela instrução ou as qualificações obtidas. Isso, contudo, não significa que se deva considerar a instrução profissional como secundária. A meta final de um centro de formação profissional salesiano é, de fato, garantir ao jovem um emprego adequado à instrução recebida. O currículo formativo integral é justamente orientado para esse objetivo. Consequentemente, é essencial que todo centro tenha um Projeto Educativo Pastoral, que oriente eficazmente a sua ação cotidiana.

  2. Reforçar, no trabalho educativo das escolas técnico-profissionais, os processos de personalização. Hoje não é suficiente uma boa preparação técnica e profissional, mas exigem-se sempre mais pessoas capazes de pensar de maneira autônoma e intelectualmente interessadas e dotadas de senso crítico; pessoas capazes de estabelecer relações positivas, estáveis e eficazes, de promover a colaboração em projetos comuns; capazes de gerir e resolver os conflitos, enfrentar as mudanças com fantasia e criatividade. Essa exigência é muita sentida também pelos próprios jovens, que gostariam de uma atenção maior dos educadores à sua vida. Por isso, é importante promover momentos e itinerários de comunicação e de relação pessoal entre educadores e alunos, com as famílias, com o ambiente social; preocupar-se com uma orientação educativa respeitosa, mas ao mesmo tempo propositiva; programar uma formação moral e uma educação aos valores realmente pessoal, comunitária e solidária.

  3. Desenvolver, nos diversos processos educativos, a formação social sistemática e profunda que garanta uma mentalidade mais solidária e uma capacidade maior de trabalhar eficazmente pela justiça. O CG23, diante do enorme desafio da pobreza, assinalava a formação para a dimensão social da caridade como tarefa fundamental para dar solidez e credibilidade à educação à fé.39

Eis alguns elementos que não deveriam faltar nessa formação:

  • conhecimento adequado da complexa realidade sociopolítica, a começar dos níveis mais próximos e imediatos;

  • apresentação completa e sistemática do ensinamento social da Igreja, como chave de leitura dessa realidade e indicação das metas ideais às quais tender no trabalho cotidiano;

  • introduzir os jovens em situações que requerem solidariedade e ajuda, sobretudo no mundo do trabalho, por exemplo, diante do drama do desemprego juvenil, da exploração, da imigração ou do racismo etc.

  1. Desenvolver a pedagogia do trabalho em nossa proposta educativa como elemento importante na formação humana integral, superando uma pedagogia demasiadamente intelectual e seletiva. Muitos jovens estão expostos a alguma experiência de insucesso escolar e/ou já viveram problemas de integração pessoal, familiar e social. Para eles, a experiência de trabalho positiva, programada e acompanhada com critérios educativos, pode ser uma ótima possibilidade de recuperação pessoal; o jovem pode readquirir a estima de si, redescobrir as próprias habilidades e capacidades e ser motivado para a própria formação.

Isso requer que ofereçamos na proposta educativa um espaço amplo para algumas experiências de trabalho, serviços para a comunidade, trabalhos em organizações "non-profit"..., valorizando nelas sobretudo a realização pessoal e o serviço ao bem comum. Requer também a promoção de contatos qualificados e significativos com pessoas, instituições e ambientes do mundo do trabalho, favorecendo o diálogo, o confronto e o conhecimento recíproco e a colaboração formativa.

  1. Oferecer um processo de evangelização realmente inserido na dinâmica educativa e de trabalho. Toda a nossa ação em favor dos jovens trabalhadores tem como meta a evangelização, mas uma evangelização realmente integrada no seu mundo.

O projeto de evangelização deve preocupar-se sobretudo com os seguintes aspectos:

  • oferecer aos alunos uma visão humanista e evangélica da realidade social, econômica e do mundo do trabalho, através da aula de religião ou de formação moral e do estudo da Doutrina Social da Igreja;

  • propor experiências espirituais e de abertura a Deus, tanto na vida ordinária quanto em seus momentos significativos, com um processo gradual de iniciação à oração e à celebração;

  • oferecer também experiências de serviço gratuito e solidário aos pobres, a começar daqueles do próprio ambiente;

  • propor momentos explícitos de evangelização e educação à fé através de grupos adequados à sua sensibilidade e necessidades;

  • relacionar-se com as iniciativas pastorais da Igreja no mundo do trabalho e facilitar aos jovens a sua participação.

  1. Indicador significativo da qualidade e eficácia da formação recebida será a facilidade com que os alunos que concluem a formação encontram emprego e trabalho e como eles são capazes de transformar para melhor a sociedade em que vivem. Isso requer desenvolver uma estreita colaboração com o mundo da indústria e das empresas, favorecendo a sua cooperação nos programas de exercitações práticas oferecidas aos alunos e nos estágios de atualização para docentes, buscando a sua consultoria no processo de renovação e modernização, preparando junto às empresas e indústrias programas de formação permanente, sobretudo para os jovens que já trabalham, pensando em algumas iniciativas para acompanhar os jovens nos primeiros passos da sua inserção no mundo do trabalho.

Neste aspecto, os Ex-Alunos podem ter grande importância e ser de verdadeira ajuda; podem ser uma excelente ponte entre a escola e o mundo do trabalho no qual já estão inseridos; podem colaborar na tarefa educativa da escola mediante o trabalho profissional ou com serviços voluntários; muitos também podem ajudar os jovens que concluem os estudos, acompanhando-os na inserção no mundo do trabalho, ajudando-os em iniciativas de auto-ocupação, criando bolsas de emprego etc.

Existem na Congregação experiências magníficas no campo da formação profissional: escolas técnicas que estão na vanguarda, que não só oferecem aos jovens uma formação profissional de alta qualidade, como também promovem diversas iniciativas para ajudá-los a entrar dignamente no mundo do trabalho.

Precisamente pela importância que a formação profissional tem em nossa missão educativa dos jovens mais pobres e pelas dificuldades e pelos desafios que ela deve enfrentar hoje numa sociedade em rápido desenvolvimento, é urgente apoiá-la promovendo uma coordenação maior entre os diversos centros quer na Inspetoria quer em nível nacional e regional, favorecendo o intercâmbio de experiências, projetos, recursos e uma colaboração intensa entre os centros mais desenvolvidos e os mais modestos, sobretudo na formação dos professores, na qualificação dos programas e metodologias... buscando juntos caminhos e iniciativas para garantir o sustento e a renovação contínua dos centros.

O Dicastério para a Pastoral Juvenil promoveu nos últimos anos algumas iniciativas neste sentido, mas certamente ainda se deve fazer muito mais.



3.5. O mundo da Universidade: a caminhada feita pelas IUS e outras formas de presença no mundo universitário.



Por decisão do Reitor-Mor, o Dicastério para a Pastoral Juvenil assumiu neste sexênio a animação das IUS (Instituições Universitárias Salesianas). O objetivo proposto foi assumir e implementar a identidade e as políticas aprovadas pelo Reitor-Mor com o seu Conselho para a presença salesiana na educação superior (janeiro de 2003) mediante o "Programa Comum 2" (2003-2008), elaborado pela Assembleia das IUS (julho de 2003). Este programa responde a três objetivos ("eixos") estratégicos:

  1. Formação do pessoal. Esta formação acontece sobretudo mediante o Curso Virtual IUS: "Aprendizado cooperativo e tecnologias de educação na unidade, em estilo salesiano (CVI)". Trata-se de um projeto realizado sistemática e profissionalmente, que em relativo pouco tempo chegou a um número significativo de professores das IUS (cerca de 3 mil); teve também uma densa réplica na renovação das próprias IUS e no desenvolvimento positivo do "Programa Comum 2"; sem esta plataforma humana, que compartilha os valores da educação salesiana, teria sido muito difícil o sucesso do programa proposto.

Desenvolvimento específico do CVI é o "Curso Virtual de formação para professores da escola salesiana da América", realizada por várias IUS em colaboração com o Dicastério para a pastoral juvenil e a Comissão da escola salesiana na América; ele quer reforçar a identidade e a competência educativa dos professores, gerando entre eles uma cultura de cooperação e trabalho em grupo, desenvolvendo novos recursos para a ação educativa nas escolas, de acordo com as linhas do Segundo Encontro Americano da Escola Salesiana (Cumbayá II). O primeiro curso (2006-2007) foi acompanhado por 702 professores.

  1. O segundo eixo quer garantir os fundamentos das instituições segundo as orientações do "quadro de referência" dos documentos sobre a identidade e as políticas. Abraça três aspectos ou colunas:

  • a "Carta de Navegação", isto é, uma série de instrumentos e procedimentos para garantir a orientação e gestão das instituições no interior do quadro de referência da identidade e das políticas;

  • os recursos humanos, a gestão do pessoal e dos dirigentes, o papel da comunidade salesiana;

  • os recursos econômicos, fundos e produção de recursos, gestão profissional dos recursos, políticas de investimentos, sinergias etc.

O desenvolvimento deste segundo eixo foi o empenho fundamental das IUS nestes anos. Foi um caminho rigoroso, sistemático e bem acompanhado. A resposta das IUS foi boa, mas não uniforme; em geral, a maioria participou com dedicação e segundo as condições exigidas; envolveu-se um grupo significativo de dirigentes, presididos pelo próprio Reitor-Mor. Foi satisfatória a participação nos Seminários de Brasília, São Paulo, Lima, El Salvador e nas Conferências (Chile 2004, Guatemala 2006, Porto Alegre 2009). Entretanto, o resultado final (a elaboração da "Carta de Navegação"), embora louvável pela quantidade (mais de 50% das IUS o apresentaram) e pela qualidade (foi uma primeira tentativa), manifesta ainda dificuldades consideráveis para trilhar um verdadeiro processo de planejamento estratégico nas Universidades.

  1. O terceiro eixo propõe-se a promover relações setoriais entre as IUS. É uma iniciativa muito concreta e importante para criar entre as IUS uma verdadeira comunidade científica de colaboração ao redor de projetos compartilhados por diversas Universidades, até chegar à construção e ao funcionamento ordinário de uma verdadeira e própria rede de Universidades salesianas qualitativamente presentes no mundo científico com as contribuições mais consonantes ao nosso carisma educativo e juvenil. Há atualmente o grupo do Curso Virtual voltado à formação do pessoal, o grupo "IUS-Engineering", o grupo "IUS-Education"; e estão em preparação o grupo "IUS-formação pastoral" e o grupo "IUS-novas tecnologias".

Mediante o desenvolvimento deste programa, as IUS não só crescem quantitativamente (em 2006 eram 61 instituições universitárias de vários níveis: 19 na América, 25 na Índia, 9 na Europa, 5 na Ásia Leste e Oceania, 1 na África), mas sobretudo vão-se consolidando e crescendo em qualidade, particularmente as da América e da Europa. Por esse caminho vai-se transformando o modo de conceber e organizar a presença salesiana na Universidade e vão-se promovendo novas formas de presença e gestão universitária através do trabalho institucional de elaboração da "Carta de Navegação".

Vão-se criando em todas as IUS plataformas humanas que compartilham a missão e a visão salesiana e os projetos universitários; esses grupos são capazes de serem núcleos animadores da comunidade acadêmica e promotores e guias da renovação da instituição. Vai-se suscitando também uma maior sinergia e colaboração entre as IUS, superando a autorreferência e promovendo nelas uma consciência comum e uma visão de conjunto.

Em julho de 2007, realizou-se a V Assembleia IUS, na qual foi elaborado o Programa Comum III, que retoma e aprofunda os objetivos e os passos dados até o momento.



3.6. A atenção ao mundo da marginalização juvenil



A atenção aos jovens em situação de risco foi sempre uma característica da pastoral salesiana. A nova situação das nossas sociedades desafia-nos a respostas novas. A pobreza cresce sempre mais, apresentando até uma dimensão trágica que atinge muitas pessoas e comunidades, entre as quais, muitíssimos jovens, a ponto de ser uma realidade estrutural e global. Podemos falar também de "novas pobrezas" e, portanto, de "novas formas de marginalização – exclusão social", entre as quais nos atingem de modo particular aquelas que comprometem as possibilidades de desenvolvimento dos jovens, criando situações de insatisfação grave e, para alguns, também de desvios.

O aspecto mais preocupante é o desenvolvimento de uma mentalidade ou forma de organizar a vida (individualismo, consumismo, busca absoluta da eficácia e do lucro...) que gera sempre mais marginalização, exclusão, pobreza e sofrimento, particularmente para os setores mais frágeis como são os jovens.

Por isso, multiplicaram-se nos últimos cinquenta anos projetos, iniciativas e obras que tentam responder a essa situação e oferecer aos jovens uma nova oportunidade de construir sua vida positivamente e inserir-se responsavelmente na sociedade. Há "casas-família" para acolher e educar meninos e jovens em situação de grave risco (crianças sem família, de rua, vítimas de abusos sexuais ou da prostituição...); projetos de atenção, proteção, educação de crianças e jovens trabalhadores, muitas vezes desde muito pequenos, de acolhida e recuperação de jovens vítimas das drogas ou egressos da prisão... acolhida e formação de jovens imigrantes com frequência sem família... e muitas outras.

Cresceu, nas Inspetorias, a sensibilidade e o empenho nas diversas situações de pobreza e insatisfação juvenil, não só através de obras, projetos e intervenções específicas em favor dos jovens em situação grave de insatisfação, mas sobretudo inserindo esse empenho no Projeto Educativo Pastoral da Inspetoria e promovendo em todas as comunidades educativas uma atenção especial aos fatores de marginalização e exclusão. Essa atenção e esse empenho devem desenvolver-se ainda mais em cada comunidade e obra; deve-se dar mais atenção à cultura e mentalidade que nelas se promovem, empenhando-se a incrementar uma cultura de solidariedade e de cidadania ativa; é importante, também, aprofundar o trabalho em rede e em colaboração entre as diversas obras e serviços nas Inspetorias e com outras instituições do território, cuidar da formação e preparação educativa e salesiana dos educadores nesse trabalho específico.

O Dicastério para a pastoral juvenil promoveu e/ou acompanhou diversas iniciativas neste sentido, por exemplo, o encontro europeu sobre imigração (Barcelona 2003); o encontro regional sobre educação e iniciação dos jovens ao trabalho (San Salvador 2004); em seguida, o encontro sobre a proposta de trabalho na pedagogia salesiana para os jovens em situação de risco (Medellín 2006); o encontro sobre formação profissional e iniciação ao trabalho (África e Madagascar – Johanesburgo 2004). Há também diversas coordenações regionais ou nacionais que promovem um trabalho em rede e uma atenta inserção e colaboração com instituições sociais que trabalham neste campo: a coordenação YAR ("youth at risk") na Índia, SCS na Itália, "Plataforma Social" na Espanha, e outras.

Na animação e coordenação deste setor têm uma importância especial os "Escritórios de planejamento e desenvolvimento" criados em várias Inspetorias. Estes escritórios ajudam as Inspetorias a planejarem estrategicamente as suas intervenções para o desenvolvimento e a busca de fontes de financiamento para os projetos. É muito importante o trabalho de conjunto entre esses escritórios e a delegação inspetorial para a pastoral juvenil a fim de garantir a inserção dos projetos no PEPS inspetorial e promover, ao mesmo tempo, o planejamento sistemático e a revisão exigente dos objetivos do PEPS.40



3.7. Outras presenças e formas mais leves de serviço aos jovens



Assistimos, na sociedade complexa e pluralista, ao surgimento de novos lugares ou formas de educação da juventude, que propõem modelos e estilos de vida que fascinam as massas juvenis; pense-se na escola paralela das mídias, nas agregações ao redor de interesses musicais e esportivos, no turismo, nas novas formas de empenho social e eclesial, na área do tempo livre, que se tornaram novos lugares de identificação pessoal.

Para responder a essa nova situação desenvolveram-se no conjunto do mundo salesiano novas realidades e agregações juvenis, novas formas educativas, serviços e obras mais ágeis e leves, capazes de responder e adaptar-se às necessidades e urgências mutáveis com maior liberdade de ação e iniciativa. Essas realidades servem-se, sobretudo, das possibilidades da comunicação com o ambiente natural dos jovens, mais do que com a estabilidade do ambiente físico; privilegiam a espontaneidade das relações e a liberdade de adesão, a centralidade das pessoas mais do que a estrutura e o projeto; cultivam uma ligação de fundo entre diversas realidades e trabalham em interação recíproca com outras instituições e serviços no território, procurando oferecer uma resposta global às situações. Nelas, é relativamente mais fácil envolver os próprios jovens na consciência que o caminho a trilhar juntos está em suas mãos.

Eis algumas dessas novas formas de presença entre os jovens.



  1. Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana)

Uma das formas de presença mais ampla e completa entre os jovens é o Movimento Juvenil Salesiano (AJS). Trata-se de um Movimento de caráter educativo, oferecido a todos os jovens, para fazer deles sujeitos e protagonistas do próprio desenvolvimento humano e cristão, com impulso missionário, aberto aos distantes, com vontade de incidência no território e na sociedade civil e de inserção e contribuição na Igreja local.

Os grupos e as associações juvenis que, embora mantendo a própria autonomia organizativa, se reconhecem na espiritualidade e na pedagogia salesiana, formam de modo explícito ou implícito o Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana).

Sua animação é compartilhada entre os grupos da Família Salesiana, de modo particular os SDB e as FMA. Momento forte do Movimento foi o 'Fórum Mundial' celebrado em Turim e Roma por ocasião do ano 2000, quando representantes das diversas Inspetorias compartilharam nos lugares dos inícios do carisma salesiano a própria experiência de Movimento, os grandes desafios que tocam hoje o mundo juvenil, as novas possibilidades de respostas e de empenho, para concluir apresentando a todos os jovens do Movimento algumas linhas de trabalho para os próximos anos. A mensagem final do Fórum constituiu o quadro de referência da animação que se desenvolveu nestes anos através de diversas iniciativas:

  • a mensagem anual do Reitor-Mor aos jovens do MJS (AJS) por ocasião da festa de Dom Bosco, objeto de estudo e reflexão nos grupos;

  • o aprofundamento da identidade do Movimento (diversas Inspetorias elaboraram uma "Carta de Identidade do MJS");

  • o incremento no protagonismo dos jovens com diversas coordenações inspetoriais ou interinspetoriais do Movimento (em particular, no sexênio passado, foi criada a Coordenação europeia do MJS com uma larga participação dos próprios jovens, como fruto do Confronto 2004);

  • muitos encontros inspetoriais e/ou regionais dos grupos do MJS, como o "Campobosco" da Espanha e Portugal, as numerosas peregrinações de grupos juvenis aos lugares das origens do carisma salesiano, encontros europeus com o Confronto e o Eurizon, encontros dos grupos do MJS da Argentina, do Brasil, o "Boscoree" para os Escoteiros Dom Bosco da Índia etc.;

  • o esforço para uma formação sistemática e profunda dos animadores e o desenvolvimento, em várias Inspetorias, de um "itinerário de formação cristã para os diversos grupos"; crescem no interior do MJS (AJS) diversos movimentos e associações claramente evangelizadoras;

  • a presença maior do MJS (AJS) nas Igrejas locais etc.

O MJS (AJS) é uma realidade prometedora que envolve muitas crianças, adolescentes e jovens, mas exige um esforço sempre maior, mais sistemático e coordenado para a evangelização e a formação cristã segundo os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana, o cuidado da formação e do acompanhamento pessoal dos animadores, a promoção do trabalho solidário com os outros jovens, sobretudo os mais pobres e em situação de risco, e uma presença ativa e responsável nos diversos ambientes juvenis, na Sociedade e na Igreja.

Ao longo do último sexênio multiplicaram-se e aprofundaram-se as propostas de peregrinações juvenis aos lugares salesianos de Turim e do Colle, sobretudo das Inspetorias da Europa, os encontros de Espiritualidade (exercícios espirituais nos lugares salesianos com jovens e adultos...), os encontros de formação salesiana para leigos colaboradores, a experiência formativa para jovens pré-noviços de algumas Inspetorias salesianas da Europa etc. A Inspetoria ICP está fazendo um notável esforço para enriquecer, com a ajuda das Inspetorias da Europa, e coordenar de maneira melhor as equipes salesianas que animam o Projeto Colle Don Bosco e Valdocco. A Congregação inteira é grata por isso.

Iniciou-se também, com a ajuda e a colaboração do Instituto de Espiritualidade da UPS, um itinerário de reflexão e partilha entre os responsáveis das Casas Salesianas de Espiritualidade da Europa (maio de 2004); identificaram-se os elementos fundamentais para uma proposta de Espiritualidade Juvenil Salesiana a oferecer nessas casas e a missão de uma Casa Salesiana de espiritualidade no projeto pastoral da Inspetoria.



  1. Voluntariado

Desenvolveu-se nestes anos, nas Inspetorias e no MJS (AJS), uma multiplicidade de grupos e associações de voluntariado, sobretudo juvenil O CG24 reconheceu a realidade do voluntariado como um novo estilo de abertura ao outro, sobretudo no campo da pobreza e da marginalização, um desafio contra as injustiças e os egoísmos imperantes, um sucesso vocacional significativo e uma confirmação válida da caminhada educativa feita pelos jovens junto com os SDB.41

O voluntariado continua a crescer na Congregação através dos muitos grupos e organizações. Em algumas Regiões desenvolve-se sobretudo o voluntariado local ou nacional, tanto missionário quanto social ou vocacional (América); em outros, está muito desenvolvido o voluntariado internacional e missionário (Europa); outras Regiões recebem voluntários (África e Ásia).

O voluntariado missionário é realizado normalmente como proposta significativa aos jovens que percorreram o itinerário formativo da pastoral juvenil e os ajuda a amadurecer e aprofundar a própria opção vocacional de vida cristã empenhada; com frequência, porém, torna-se também ocasião significativa de contato e proposta de evangelização para jovens que vêm de fora das nossas obras.

Os Dicastérios para a Pastoral Juvenil e para as Missões reelaboraram o documento "Voluntariado na missão salesiana", enriquecendo-o com as contribuições do Encontro internacional de 2001 e com a experiência das Inspetorias e ONGs salesianas. O documento apresenta a identidade do voluntariado salesiano, algumas exigências e condições fundamentais para a sua realização, para a formação e acompanhamento dos voluntários e a animação e promoção do voluntariado salesiano nas Inspetorias e na Congregação.

O documento foi apresentado em 2007 a toda a Congregação, através de sete encontros regionais, para ser conhecido e operacionalizado nas diversas Inspetorias mediante um plano inspetorial do voluntariado, inserido no PEPS inspetorial.





4. PERSPECTIVAS DE FUTURO PARA A PASTORAL JUVENIL SALESIANA



Depois de apresentar como se desenvolveu e como se articula hoje a Pastoral Juvenil na Congregação, com um sentido agradecimento a Deus pela quantidade de bem que Ele suscita entre nós no serviço aos jovens, pela força de atração de Dom Bosco e do seu carisma, pelo trabalho generoso de tantos irmãos, leigos colaboradores e dos próprios jovens, gostaria de propor e compartilhar algumas perspectivas de futuro, várias das quais já foram propostas pelo CG26 como objetivos prioritários para os próximos anos.



4.1. Continuar o esforço de assimilação e prática do modelo da Pastoral Juvenil Salesiana



Vimos o esforço enorme da Congregação nos últimos cinquenta anos para repensar e renovar a sua práxis educativa e pastoral, respondendo com maior fidelidade às novas necessidades e expectativas dos jovens e aos valores inspiradores do Sistema Preventivo de Dom Bosco. Hoje, podemos contar com um conjunto de critérios orientadores, estruturas, linhas de ação que traduzem na situação atual o espírito e o modelo de ação vivido por Dom Bosco no primeiro Oratório: o Sistema Preventivo.

Todo esse esforço de repensamento da prática educativa implica necessariamente uma abertura a novos esquemas e a novas práticas, uma nova mentalidade e uma nova forma de organizar os elementos que constituem o ato educativo, uma nova metodologia e um novo modo de organizar a presença entre os jovens... Coisas que requerem reflexão para verificar a experiência cotidiana, coragem para assumir novas perspectivas e novos projetos, paciência para dar tempo à lenta transformação das formas de pensar e das atitudes, partilha, para que estes processos de mudanças não se realizem individualmente, mas em grupo.

Hoje, a Congregação tem um modelo operativo de Pastoral Juvenil, isto é, uma forma concreta de estruturar e organizar os diversos elementos da sua prática educativa e pastoral para garantir a sua identidade e a sua coerência em relação aos objetivos do projeto e a sua organicidade; modelo fiel aos princípios inspiradores do Sistema Preventivo de Dom Bosco, ao mesmo tempo em que responde melhor às necessidades e situações dos jovens de hoje. É urgente, portanto, empenhar-se por conhecer a fundo esse modelo, assumir o seu projeto e, sobretudo, traduzi-lo em prática nos diversos contextos e ambientes. Nos últimos anos, fez-se um grande esforço nessa direção, mas ainda se deve continuar, ajudando cada salesiano e cada comunidade local a confrontar a própria práxis com o modelo para fazer com que seja mais fiel e significativa.

É importante assumir, de modo especial, a visão unitária e orgânica de uma pastoral, centrada na pessoa do jovem e não tanto nas obras ou serviços, superando o setorialismo ainda presente na prática de todos os dias. Deve-se, também, reforçar a dimensão comunitária da ação pastoral que se manifesta sobretudo no esforço de construir a obra salesiana como comunidade educativo-pastoral, na qual as pessoas ocupam o centro, prevalecem as relações interpessoais, os elementos de comunhão e colaboração sobre as preocupações gerenciais e organizativas. Outro aspecto no qual os últimos Capítulos insistiram é a mentalidade de projeto, isto é, considerar a ação pastoral como caminho que se vai desenvolvendo gradualmente segundo objetivos precisos e verificáveis, e não tanto como soma de muitas intervenções e ações pouco relacionadas entre si.

Tudo isso implica multiplicar o esforço de formação pastoral, quer dos Salesianos quer dos colaboradores leigos. Existem muitas iniciativas neste campo, mas é urgente sistematizá-las e dar-lhes continuidade, de modo que se vá criando em cada comunidade educativo-pastoral um núcleo de pessoas plenamente identificadas com os valores e o projeto da pastoral salesiana, capazes de encorajar e guiar o resto.



4.2. Uma pastoral evangelizadora claramente orientada para o anúncio de Cristo e a educação dos jovens à fé



A ação educativo-pastoral da Congregação vai-se multiplicando em todos os lugares; as carências dos jovens e as exigências da sociedade e da Igreja são sempre mais numerosas e prementes. No esforço de responder-lhes, porém, corre-se o risco da dispersão e de deixar à sombra o coração da nossa missão.

Em muitas sociedades e culturas nas quais se realiza o nosso serviço educativo e pastoral vai-se desenvolvendo uma cultura que marginaliza a religião e, de modo especial, o cristianismo, um estilo de vida que favorece o aumento da pobreza material e espiritual de muitos, e que multiplica os fatores de exclusão social... Nesses ambientes são, frequentemente insignificantes e irrelevantes os valores religiosos e as motivações dos crentes que, em outros tempos, transpareciam e eram percebidos no serviço educativo e de promoção humana.

Essa situação levou muitos Salesianos e leigos colaboradores a renovarem a própria identidade vocacional e entregar-se ao trabalho educativo e pastoral com grande generosidade e sacrifício; mas há também o perigo de "superficialidade espiritual, ativismo frenético, estilo de vida burguesa, testemunho evangélico frágil, dedicação parcial à missão. Tudo isso se traduz não só na dificuldade de fazer emergir a própria identidade de consagrados como também na timidez apostólica".42

Tudo isso requer a recuperação das raízes e do motor da nossa práxis pastoral, a paixão missionária do "Da mihni animas", a única que pode garantir a sua significatividade e eficácia, e centrar a nossa variadíssima atividade educativo-pastoral na evangelização e educação à fé, onde tudo encontra a sua unidade e o seu sentido.43

À luz das linhas de ação propostas pelo CG26 sobre o tema da evangelização, eis algumas prioridades que deverão caracterizar a pastoral juvenil nos próximos anos:

  1. Uma pastoral mais missionária, que proponha "com alegria e coragem, a vivência da existência humana como foi vivida por Jesus Cristo".44 Hoje, não é suficiente colocar os jovens num ambiente positivo com multiplicidade de atividades e propostas, nem mesmo oferecer-lhes simplesmente uma formação catequética, ou habituá-los à pratica religiosa (oração e sacramentos); é preciso uma proposta clara e explícita de anúncio de Jesus Cristo, que desperte nos jovens a vontade de conhecê-lo e segui-lo; é necessário ensinar-lhes a oração cristã e iniciá-los nela, como também na leitura e na meditação da Palavra de Deus; é preciso também suscitar neles o desejo de empenhar-se num itinerário sistemático de aprofundamento da fé e ajudá-los a organizar a própria vida segundo os valores do Evangelho.

  2. Uma evangelização inserida plenamente no campo da educação. A pastoral juvenil salesiana vive e desenvolve-se no campo da educação, procura promover nos jovens não só uma vida cristã, mas também uma cultura inspirada na fé e nos valores evangélicos, que seja alternativa à cultura do ambiente, caracterizada pelo secularismo, relativismo, subjetivismo, consumismo...

A atenção aos conteúdos culturais oferecidos no desenrolar-se cotidiano de uma obra nem sempre recebe a atenção que precisaria para garantir a coerência entre os conteúdos transmitidos ou as metodologias usadas com os valores da fé cristã (encontro cultura e fé) e garantir uma vida cristã capaz de qualificar evangelicamente a vida privada, profissional e social das pessoas.

Hoje, portanto, é urgente organizar o trabalho pastoral, cuidando sobretudo da integração da evangelização e da educação na lógica do Sistema Preventivo:45

  • uma evangelização capaz de adaptar-se à condição evolutiva do jovem, que se preocupe em desenvolver as atitudes humanas fundamentais que tornam possível a abertura pessoal a Deus e o encontro com Jesus, atenta aos valores e visões da vida vivida pelos jovens para transformá-los à luz do Evangelho;

  • uma educação capaz de formar mentalidade, inspirar visões de vida abertas à dimensão religiosa, amadurecer opções de vida inspiradas pelo Evangelho de Jesus; uma educação atenta, de modo especial, ao desenvolvimento da dimensão religiosa da pessoa e à promoção de atitudes fundamentais para uma abertura positiva à fé; uma educação que se preocupe com a formação da consciência moral e eduque os jovens para o compromisso social segundo a inspiração da doutrina social da Igreja.



4.3. Aprofundar e reforçar a dimensão vocacional em todas as propostas pastorais



A animação e a orientação vocacional constituem um elemento essencial de uma Pastoral Juvenil que ajude todo jovem a fazer opções responsáveis de vida à luz da fé. "Sentimos hoje, mais forte do que nunca, o desafio de criar uma cultura vocacional em todos os ambientes, de modo que os jovens descubram a vida como chamado e toda a pastoral salesiana seja realmente vocacional".46 Contudo, a melhor pastoral juvenil não gera vocações apostólicas e consagradas sem uma atenção específica ao anúncio vocacional explícito, à proposta pessoal decidida, ao acompanhamento espiritual constante.

A carência de vocações sensibilizou as comunidades e os irmãos para refletirem sobre o modo de fazer animação vocacional, mas ela ainda é pensada e atuada como trabalho complementar ao trabalho educativo e pastoral ordinário, realizado por alguns encarregados ou irmãos particularmente sensíveis. Isso empobrece os dois processos: a pastoral juvenil, que não consegue orientar os jovens para uma visão vocacional da própria vida guiando-os para opções evangélicas de doação e de serviço, e a animação vocacional muito fundada no entusiasmo e pouco na relação profunda e personalizada com Jesus Cristo.

Por isso, é preciso converter mentalidades e renovar determinadas práxis, particularmente nestes três aspectos:

  1. Promover em nossos ambientes a cultura vocacional, mediante uma pastoral juvenil decididamente evangelizadora, que empenhe os jovens no reconhecimento da própria vida como dom de Deus e a corresponder-lhe com um trabalho generoso a serviço dos outros, em particular dos mais carentes.47

  2. Garantir em cada itinerário de educação à fé uma atenção especial para promover nos jovens o empenho apostólico, enraizado numa relação pessoal de amizade com Jesus Cristo, realizado na comunhão e colaboração no interior de uma densa experiência de comunidade e amadurecido com um trabalho sistemático de formação pessoal.48

  3. Testemunhar com coragem e alegria a beleza da própria vocação salesiana, entregue totalmente a Deus na missão juvenil, fazendo dela uma proposta explícita e empenhando-se no acompanhamento dos jovens com sinais de vocação religiosa salesiana em sua caminhada de discernimento e formação vocacional.49



4.4. Uma atenção especial aos jovens mais pobres e em situação de risco como característica de toda presença e obra salesiana



Reconheço com alegria que cresceram a sensibilidade e a preocupação, a reflexão e o trabalho pelo mundo da marginalização e da insatisfação juvenil. Essa realidade não representa mais um setor particular, identificado com alguma obra especial ou animado apenas por algum irmão particularmente motivado. A atenção aos últimos, aos mais pobres, aos mais atribular vai se tornando uma "sensibilidade institucional" que, aos poucos, envolve muitas obras das Inspetorias.

Ainda existe, entretanto, certa resistência a requalificar a mentalidade e a metodologia educativa, para que todas as nossas presenças estejam realmente a serviço dos jovens mais carentes.50 Fiéis às orientações do CG26, devemos continuar essa caminhada e concentrar os nossos esforços no desenvolvimento de alguns processos que envolvem o conjunto da nossa pastoral juvenil:

  1. A atenção aos jovens em situação de risco como característica e empenho de todas as presenças salesianas e de todos os projetos educativos. Não basta ter na Inspetoria algumas obras ou serviços explicitamente dedicados aos jovens mais pobres; é preciso que a abertura e a atenção às situações de pobreza, exclusão e marginalização sejam assumidas por todas as presenças, até ser uma característica da sua significatividade. É importante que toda comunidade educativa individualize os elementos do ambiente, da dinâmica e da metodologia da obra, ou determinados critérios de avaliação mais ou menos explícitos, que, de fato, produzem seleção e exclusão, e se empenhe por transformá-los; que toda comunidade educativa favoreça a presença, a participação e o protagonismo dos jovens mais carentes e em situação de risco nas atividades, nos grupos, nas responsabilidades...; e individualize com atenção especial os elementos da pedagogia salesiana mais adequados a esses jovens e se empenhe em pô-los em prática.

  2. Mirar à transformação da mentalidade e das tendências culturais não só para responder às expectativas imediatas, promovendo a cultura da solidariedade segundo o critério de "dar mais a quem recebeu menos". A pobreza e a marginalização em nossas sociedades não são apenas fenômenos econômicos ou sociais, mas também são, e creio que sobretudo, fenômenos culturais; há um modo individualista, competitivo, hedonista e consumista de conceber a vida que gera exclusão dos mais fracos; não se pode contentar-se, portanto, em ajudar os mais pobres a superar as suas situações de marginalização, mas a nossa intervenção deve mirar à transformação da sua mentalidade e da mentalidade do conjunto da sociedade. Neste sentido, cada comunidade educativo-pastoral deve estar muito atenta aos valores e estilos de vida que promove com a sua ação educativa de todos os dias.

  3. Desenvolver com atenção particular a dimensão religiosa da pessoa, considerada como fator fundamental de humanização e de prevenção. Na visão antropológica do Sistema Preventivo de Dom Bosco, a dimensão religiosa é um elemento fundamental da pessoa e da sociedade; por isso, o seu desenvolvimento, até o anúncio de Jesus Cristo, é uma exigência indispensável da proposta educativa salesiana. Cremos que nessa relação pessoal com Deus, através dos caminhos misteriosos do Espírito que age no coração de cada pessoa e de modo especial dos mais pobres e carentes, encontrem-se energias insuspeitadas para a construção da personalidade e para o seu crescimento integral,51 e cremos que é um elemento importante para dar esperança aos jovens que sofrem de modo especial as consequências dramáticas da pobreza e da exclusão social.

Portanto, toda comunidade educativa deve propor, no projeto educativo-pastoral para esses jovens, experiências e itinerários que despertem neles a dimensão religiosa da vida e os ajudem a descobrir Jesus como Salvador.52 Esta proposta de evangelização deve inserir-se plenamente no processo educativo de prevenção e de recuperação e articular-se em itinerários simples, muito aderentes à vida cotidiana e segundo a lógica das pequenas sementes.

O testemunho dos educadores e da comunidade educativa, o ambiente de alegria, de acolhida e de família, a defesa e a promoção da dignidade pessoal, constituem o primeiro anúncio e a primeira realização da salvação de Cristo e a oferta de libertação e de plenitude de vida.

Esta primeira centelha, então, deve ser cuidada e desenvolvida com paciência e perseverança, despertando sempre o positivo que existe no jovem, a consciência da sua dignidade, a sua vontade de retomar-se. A comunidade toda lhe oferece experiências religiosas simples, mas de qualidade, como momentos de oração ou de celebração, que o ajudem a abrir-se à presença e à relação pessoal com Deus. A partir dessas experiências, a comunidade cristã poderá anunciar com respeito, mas também com alegria, a pessoa de Jesus Cristo.



4.5. Redefinir as nossas presenças para torná-las mais significativas, ou seja, "novas presenças"



A profunda renovação da Pastoral Juvenil, para responder melhor às carências e às exigências dos jovens, exige como condição indispensável a revisão profunda da finalidade, da organização e da gestão das nossas obras. Por isso, somos convidados há anos na Congregação a redimensionar as presenças, a transformá-las e torná-las mais significativas, a abrir-se a novas fronteiras, tornando "novas" as presenças e promovendo outras presenças novas.53

Tornar novas as obras institucionais que temos – Escolas, Centros de Formação Profissional, Paróquias, Oratórios e Centros juvenis, Residências universitárias etc. – exige centralizar a missão da comunidade salesiana não tanto na gestão e organização da obra quanto no acompanhamento e na formação dos educadores e dos jovens, garantindo uma presença direta entre eles, na animação de um itinerário gradual de educação e evangelização, até formular propostas de vida cristã empenhada, no envolvimento de um vasto movimento de pessoas ao redor de um Projeto educativo-pastoral salesiano aberto e compartilhado. Trata-se, também de ter uma atenção privilegiada e decidida pelos jovens em situação de risco, assumindo com coragem e criatividade as opções necessárias; trata-se também de promover iniciativas e projetos que envolvam o maior número de pessoas e instituições a serviço da educação e evangelização dos jovens, trabalhando em rede e em comunhão com a sociedade e a Igreja.

Não basta renovar as presenças já existentes. É preciso, muitas vezes, que nos empenhemos também na criação de novos tipos de presenças, com propostas densas de evangelização e de educação à fé, de formação salesiana dos colaboradores com equipes que animam casas salesianas de espiritualidade, centros de catequese, centros de formação de leigos colaboradores; presenças de animação e proposta vocacional explícita, de animação e orientação das associações e movimentos juvenis de evangelização e empenho, de voluntariado etc.

A fim de facilitar o esforço de tornar mais significativa e eficaz a presença salesiana num território, coordenar melhor os diversos tipos de presença salesiana neles, favorecer a realocação e redefinição das obras, o CG25 havia pedido a todas as Inspetorias que elaborassem um Projeto Orgânico Inspetorial (POI) que apresentasse os critérios, as condições e as exigências concretas necessárias para obter esse objetivo.54 A caminhada teve início, mas deve ir adiante, mediante a revisão e a renovação contínua do POI.



4.6. Uma animação pastoral sempre mais relacionada e coordenada por diversos Dicastérios, de modo particular os dicastérios da Missão salesiana: pastoral juvenil, comunicação social e missões



A animação da pastoral juvenil foi-se tornando sempre mais complexa: multiplicaram-se os setores ou ambientes, com novos aspectos a organizar e coordenar. Alguns desses aspectos estão estritamente ligados a outros confiados pelas Constituições a distintos dicastérios, por exemplo, a realidade do voluntariado com os seus diversos tipos tem uma relação específica e concreta com as missões (quando se trata do voluntariado missionário); a paróquia confiada aos Salesianos nos territórios de missão assume também a dinâmica própria das estações missionárias, acompanhadas pelo dicastério para as missões; o dicastério para a comunicação social, além da animação dos aspectos específicos dos meios de comunicação social e das empresas, promove a formação dos educadores para que sejam criadores de ambientes ricos nos relacionamentos e nas comunicações; este aspecto liga-se estritamente à pastoral juvenil que anima a comunidade educativo-pastoral, sujeito fundamental da educação e da evangelização; a formação pastoral dos SDB e dos leigos deve assegurar-se da ligação recíproca e da colaboração estreita entre o dicastério para a formação e o dicastério para a pastoral juvenil... Da mesma forma, outros campos que vão se tornando sempre mais interdependentes e que envolvem diversos dicastérios, de modo que a sua animação não seja realizada apenas por um deles a prescindir dos demais.

O CG26, diante desta realidade, pediu ao Reitor-Mor e ao seu Conselho que seja promovida durante o sexênio uma colaboração mais orgânica entre os três dicastério da missão (Pastoral Juvenil, Comunicação Social e Missões), de modo que, salvaguardando a unidade orgânica da pastoral juvenil, estes setores compartilhados sejam enriquecidos com a contribuição dos três dicastérios que animam de modo direto aspectos complementares da única missão salesiana: a educação e a evangelização dos jovens, sobretudo os mais pobres e das classes populares, numa cultura profundamente conformada pela comunicação social e sempre mais secularizada, exige um projeto claramente missionário no qual se dê prioridade ao primeiro anúncio do Evangelho.

Esta orientação do CG26 não se reduz a uma proposta organizativa, mas implica uma visão mais larga, integral e relacionada de alguns aspectos centrais da missão salesiana, confiados a estes dicastérios. A pastoral juvenil deve ser sempre mais missionária, isto é, assumir as características e dinâmicas da ação missionária, cuidando com atenção especial do despertar da dimensão religiosa dos jovens que vivem imersos em ambientes secularizados, dando prioridade ao primeiro anúncio de Jesus Cristo, cuidando do diálogo com outras religiões... A pastoral juvenil também deve assumir sempre mais a nova cultura da comunicação social, que dá forma a um estilo de vida e ação, um conjunto de valores que caracterizam os ambientes, sobretudo juvenis, nos quais a pastoral juvenil realiza a sua missão educativa e de evangelização.

O Salesiano, portanto, como educador-pastor dos jovens de hoje, deve assumir muitos aspectos do missionário e do comunicador; a comunidade educativo-pastoral deve ser um centro promotor de comunicações de densa qualidade humana e cristã; a proposta educativo-pastoral salesiana deve garantir a presença e o desenvolvimento da dimensão missionária e a dinâmica e os valores do mundo da comunicação. A pastoral juvenil salesiana, a Comunicação social e a animação missionária são aspectos que integram organicamente a realização integral da Missão salesiana.



CONCLUSÃO



Caros irmãos, quis entregar-lhes esta carta no 4º Domingo da Páscoa, que a Igreja dedica a Cristo Bom Pastor, para aprender justamente dEle, como soube fazer o nosso amado pai Dom Bosco, que se sentiu chamado como vocação e missão a ser bom pastor dos jovens.

Maria, a sua mãe e mestra, nos ensine como ensinou a Ele o campo de ação, a missão a realizar e o método para concretizá-la.

Com afeto, em Dom Bosco





P. Pascual Chávez Villanueva, sdb

Reitor-Mor

1 Atos do CG19. "As estruturas da Congregação". ACS 244, janeiro de 1966, pp. 17-47

2 "O CG achou oportuno confiar a um só Conselheiro toda a Pastoral Juvenil, além da paroquial, devido às suas estreitas relações... O Conselheiro encarregado cuidará da formação geral sob o aspecto religioso, moral, intelectual em todas as casas salesianas (Oratórios, Internatos, Externatos, Pensionatos, Centros Juvenis, Círculos, Companhias, Associações juvenis várias), salvo as competências dos Inspetores e a colaboração do Conselheiro encarregado do grupo de Inspetorias, no que se refere à parte estritamente local de caráter organizativo, técnico, escolar, profissional etc." Idem, p. 24.

3 CG19. "Apostolado juvenil". ACS 22, janeiro 1966, p. 103

4 Idem, p. 125.

5 CG20, n. 180

6 Cf. CG20, nn. 360-365.

7 "A missão salesiana não soube encontrar, em vários lugares, a presença nova exigida por um mundo em transformação. Muito do CG19 ficou no papel" (CG20, n. 393).

8 Constituições da Sociedade de S. Francisco de Sales. Ed. 1972. Art. 137.140.

9 CG21, cf. n. 14. 80ss. 96ss; cf. n. 105 (projeto educativo inspetorial); e sucessivamente para as diversas obras: n. 127 (oratório); n. 132. 134 (escola), n. 140 (paróquia).

10 Idem, cf. n. 4. 14

11 Idem, cf. nn. 63-68. 79.

12 Cf. Constituições art. 47; Regulamentos art. 4 e 5.

13 Cf. Os documentos elaborados pelo Dicastério para a Pastoral Juvenil ao longo dos anos 1979-1988. O elenco encontra-se em A pastoral juvenil salesiana, Quadro fundamental de referência, Segunda edição. Roma 2000, pp. 13-14.

14 Ver como síntese final o livro: Dicastério para a Pastoral Juvenil. A pastoral juvenil salesiana. Roma. 1993. Nele se recolhem os elementos fundamentais da Pastoral Juvenil Salesiana em orientações brevemente comentadas.

15 Cf. "A Sociedade de S. Francisco de Sales no sexênio 1984-1990". Relatório do Reitor-Mor (ao CG23), n. 180.

16 Cf. CG23, nn. 120-157.

17 Cf. CG23, n. 161 ss.

18 Cf. CG23, nn. 232-238.

19 Cf. CG23, nn. 239-246.

20 Cf. CG23, nn. 247-253.

21 Cf. CG23, nn. 247-253.

22 CG24, n. 231

23 Cf. CG24, nn. 149-161.

24 Cf. Pascual Chávez. Juntos pelos jovens da Europa. Intervenção final do Reitor-Mor no encontro dos Inspetores da Europa, 5 de dezembro de 2004. ACG 388, janeiro-março de 2005, pp. 113-115

25 Cf. Egidio Viganò. "A nova evangelização". ACG 331, outubro-dezembro de 1989.

26 Cf. Egidio Viganò. "A nova educação". ACG 337, julho-setembro de 1991.

27 Cf. Egidio Viganò. Chamados à liberdade. Redescubramos o Sistema Preventivo educando os jovens aos valores. Comentário à Estreia de 1995. Roma. FMA, p. 9-12.

28 "Sua tarefa peculiar consiste especialmente em testemunhar o primado de Deus e a dedicação total à educação evangelizadora mediante as figuras vocacionais de salesiano sacerdote salesiano coadjutor; garantir a identidade carismática; ser centro de comunhão e participação; acolher, suscitar e convocar os leigos para participar do espírito e da missão de Dom Bosco; promover a formação espiritual, salesiana e vocacional" (CG24, n. 159).

29 Cf. CG21, n. 105.

30 Cf. Regulamentos Gerais, art. 4.


31 Cf. "A Sociedade de S. Francisco de Sales no sexênio 1978-1983". Relatório do Reitor-Mor (ao CG22), n. 184.

32 Cf. CG23, nn. 243-246

33 Cf. Dicastério para a Pastoral Juvenil. A pastoral juvenil salesiana. Quadro fundamental de referência. Segunda edição. Roma 2000.

34 CG25, n. 191.

35 CG25, n. 7; cf. também n. 192.

36 Cf. CG24, n. 159.

37 Cf. Dicastério para a Pastoral Juvenil. A Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro fundamental de referência. Segunda edição, Roma 2000, pp. 63-64.

38 Os números apresentados nesta e nas demais seções desta parte são tomados dos Dados estatísticos. Anexo ao Relatório do Reitor-Mor. CG26. Roma 2008.

39 Cf. CG23, n. 204.

40 Cf. Conclusões do Encontro sobre os Escritórios de planejamento e desenvolvimento. Roma, Casa Geral, 2005.

41 Cf. CG24, n. 26.

42 CG26, "Urgência de evangelizar", n. 27.

43 Cf. Discurso conclusivo do RM ao CG26: primeira chave de leitura do documento capitular: "Aquecer o coração dos irmãos".

44 CG26 "Urgência de evangelizar". Linha de ação 5, n. 36.

? CG26, "Urgência de evangelizar". Cf. Linha de ação 6, n.

45 CG26, "Urgência de evangelizar". Cf. Linha de ação 6, n. 41.

46 CG26, "Necessidade de convocar", n. 53.

47 CG26, "Necessidade de convocar", Cf. n. 60.

48 CG26, "Necessidade de convocar", Linha de ação 9, cf. nn. 65-67.

49 CG26, "Necessidade de convocar", Linha de ação 8, cf. nn. 61-64. Linha de ação 10, cf. nn. 69-73.

50 CG26, "Pobreza evangélica". Cf. n. 82. "Novas fronteiras", cf. n. 101.

51 J. E. Vecchi, "Teve compaixão deles". ACG 359, pag. 33.

52 CG26, "Novas fronteiras". Linha de ação 15. Cf. nn. 105-107.

53 Cf. por exemplo CG26, "Novas fronteiras" n. 100; Palavras conclusivas do Reitor-Mor no encontro dos Inspetores da Europa, 5 de dezembro de 2004. ACG 388, 5.2.

54 Cf. CG25, nn. 82-84. Cf. também CG26, "Novas fronteiras" n. 113.

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