ACG433_Artime_Linhas_programaticas


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1. CARTA DO REITOR-MOR
Meus caros Irmãos,
passaram-se quatro meses desde o encerramento do Capítulo-Ge-
ral 28, concluído com antecipação de três semanas em relação ao que
fora programado devido à pandemia, que tornou impossível a nossa
permanência em Valdocco. Dirijo-vos hoje esta apresentação, com um
sentimento de profunda alegria pelo que vivemos em Valdocco e com
a satisfação pelo que foi – acredito – um trabalho frutuoso, realizado
por todos nós, Capitulares e concluído, depois, no Conselho-Geral. De
fato, a Assembleia capitular confiou ao Reitor-Mor e ao seu Conselho
o encargo de concluir aquilo que ficara incompleto no momento do
encerramento antecipado.
O documento que, com esta publicação, chega agora a todos os
Irmãos tem como subtítulo “Reflexão pós-capitular” e não “Do-
cumentos capitulares”, como acontecia habitualmente no passado.
Isso, porque, a Assembleia capitular não chegou com votação à apro-
vação final do texto. Apenas algumas deliberações capitulares, espe-
cialmente as de caráter jurídico, foram a termo nas primeiras quatro
semanas dos nossos trabalhos.
Como disse em outras ocasiões, devido às circunstâncias que fo-
mos obrigados a viver, o CG28 foi um Capítulo “especial”. Todavia,
não foi um Capítulo sem orientações e linhas programáticas. Com
efeito, o documento que vos apresento contém a sua primeira parte
que, tanto eu como os irmãos do Conselho-Geral, consideramos muito
importante para a animação, o governo e a vida da Congregação no
próximo sexênio.
São as linhas programáticas que o Reitor-Mor oferece à Congre-
gação para o sexênio 2020-2026. Encontrareis, nesta ampla proposta,
caros Irmãos, a reflexão pós-Capítulo-Geral, fruto do mesmo Capítulo
e da síntese do caminho percorrido em nossa Congregação nos pre-
cedentes seis anos. É uma rica e ampla reflexão que recolhe antes de
tudo o espírito do que está contido na Mensagem que o Santo Padre
Francisco enviou ao Capítulo-Geral; recolhe, também, os elementos
que o Papa indicou como essenciais e já presentes na reflexão desen-
volvida pela Assembleia capitular sobre os dois núcleos temáticos. O
terceiro núcleo – como sabeis – foi elaborado pelo Conselho-Geral.

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ATOS DO CONSELHO-GERAL
Estas linhas programáticas deverão ser, certamente, motivo de es-
tudo, análise e aprofundamento tanto pelas Inspetorias como pelos ir-
mãos, especialmente pelos diretores, para o seu serviço de animação
e governo das comunidades locais. Dou por pressuposto que sejam
objeto de estudo do Inspetor e do seu Conselho.
Acredito que, embora com velocidades diversas, relacionadas com
a particularidade de cada Inspetoria, toda a Congregação deva percor-
rer este caminho que é identitário, carismático e oferece linhas-guia e
linhas de ação para o nosso presente.
Acompanha o texto programático do sexênio a Mensagem do San-
to Padre que, sem dúvida, chegará ao coração de cada Salesiano, e
será, antes de tudo, motivo de meditação, estudo, aprofundamento e
confronto pessoal.
Os três núcleos propostos como temas do trabalho capitular tive-
ram um desenvolvimento amplo, embora não tenham passado pelas
fases de estudo e elaboração pensadas inicialmente. Os textos ofere-
cem reflexões ricas, propostas precisas e oportunas para a vida das
Inspetorias e das nossas presenças no mundo.
Enfim, são recolhidas, no documento, as deliberações capitulares
e, como em todos os Capítulos-Gerais, alguns anexos com mensagens
e discursos.
Acredito que o documento que tendes agora nas mãos permitirá
aprofundar as motivações eclesiais, carismáticas e identitárias que nos
ajudarão a prosseguir no caminho de fidelidade que, como Congrega-
ção e pessoalmente, desejamos continuar. Hoje, como ontem, o nosso
mundo, a Igreja e os jovens, com suas famílias, precisam de nós para
continuarem a viver o caminho de fidelidade ao Senhor Jesus. Preci-
sam de nós como pessoas significativas e corajosamente proféticas.
O Senhor conceda-nos este dom. Com mediocridade e temores po-
deremos oferecer poucas coisas aos jovens, que não serão capazes de
transformar suas vidas e enchê-las de sentido.
Estou muitíssimo convencido de que todos nós desejamos perten-
cer a uma Congregação que se sente muito viva e na qual cada irmão
renova a própria entrega de si todos os dias: não de qualquer modo,
mas sentindo que isso vale a pena.
Desejo profundamente que este CG28 “especial” ajude cada um
dos irmãos a reavivar a paixão apostólica que caracterizou o nosso Pai
Dom Bosco, para ser outro Dom Bosco hoje, em todas as partes do
mundo, em todas as culturas e em todas as situações.

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CARTA DO REITOR-MOR 7
Acrescento um pedido. Enquanto entrego este documento, com
uma visão de fé e com grande confiança, peço que cada um de vós,
caros Irmãos, faça dele motivo de oração, objeto de estudo paciente,
de leitura atenta e meditada, para que ele possa tocar o vosso coração.
Peço-vos para interiorizar a espiritualidade que encontrareis nestas re-
flexões capitulares e entrar em diálogo com as propostas que desejam
ser significativas e proféticas no nosso modo de assumi-las e traduzi-
-las na vida. Acredito que um tempo significativo de estudo, conheci-
mento, interiorização e diálogo, coração a coração, diante do Senhor,
deva ser a principal tarefa confiada a cada irmão, a cada Inspetoria e
Visitadoria, a cada Região e Conferência interinspetorial.
Meus caríssimos Irmãos, a promulgação desta Reflexão pós-capi-
tular acontece em 16 de agosto de 2020, duzentos e cinco anos após o
nascimento de Dom Bosco e cento e sessenta e dois anos desde o iní-
cio da nossa Congregação. Até hoje, o caminho da nossa Congregação
e da Família Salesiana foi belíssimo. Se a nossa resposta continuar a
ser fiel ao Senhor, não resta dúvida de que será muito mais o que se
escreverá pelo bem dos jovens mediante a entrega quotidiana de nós
mesmos, onde quer que haja um jovem que precise de Salesianos ca-
pazes de ser amigos, irmãos e pais.
A nossa Mãe Auxiliadora acompanha-nos neste caminho e, como
com Dom Bosco, Ela continuará a fazer tudo. D’Ela aprendemos o
que significa escutar atentamente a voz do Espírito Santo e ser dóceis
a Ele; aprendemos a cultivar a profundidade da vida em Deus e a de-
dicação simples e convicta de todos os dias. Isto nos tornará sempre
mais autênticos sinais e portadores do Amor de Deus aos jovens.
Entreguemo-nos confiantes a nossa Mãe Auxiliadora «para nos
tornarmos, entre os jovens, testemunhas do amor inexaurível do seu
Filho» (C. 8).
P. Ángel Fernández Artime, sdb
Reitor-Mor
Roma, 16 de agosto de 2020
205º Aniversário do nascimento de Dom Bosco

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ATOS DO CONSELHO-GERAL
LINHAS PROGRAMÁTICAS DO REITOR-MOR
PARA A CONGREGAÇÃO SALESIANA
APÓS O CAPÍTULO-GERAL 28
Meus caríssimos irmãos Salesianos do mundo todo,
dirijo-me a todos vós com muito prazer após o Capítulo-Geral e a con-
clusão da primeira sessão plenária do novo Conselho-Geral. Com esta
carta, que compartilhei com o Conselho-Geral, quero oferecer-vos, caros
Irmãos, uma “tabela de marcha” adequada ao próximo sexênio, desde que
a interrupção do Capítulo-Geral, bem no meio da sua realização, não nos
permitiu ter os documentos capitulares que deveriam servir de norma e
guia para os próximos seis anos.
Diante da dolorosa realidade da pandemia causada pelo vírus CO-
VID-19, que atingiu e continua a afligir gravemente o mundo, vive-
mos uma experiência única: a interrupção de um Capítulo-Geral. É a
primeira vez que acontece um caso assim na história de nossa Con-
gregação, se excluirmos o trágico acontecimento da Primeira Guer-
ra Mundial, que impossibilitou a celebração do XII Capítulo-Geral
durante a Reitoria do P. Paolo Albera; a celebração daquele Capítulo
precisou esperar quase doze anos.
Em nosso caso, contudo, a interrupção dos trabalhos capitulares
não significa de modo algum que o Capítulo-Geral 28 tenha sido po-
bre de significado e nem tenha produzido uma riqueza de conteúdo.
Ao contrário, os capitulares retornaram às suas Inspetorias (alguns
depois de vários meses de espera em Valdocco) enriquecidos da expe-
riência acumulada e da sensibilidade salesiana nutrida e reforçada nas
“fontes de Valdocco”, fontes do nosso nascimento carismático.
Não obstante a ameaça da pandemia e o risco da suspensão da As-
sembleia, durante a última semana, o Capítulo-Geral pôde eleger o
Reitor-Mor e os membros do Conselho-Geral, e confiar-nos a tarefa de
continuar a reflexão sobre os pontos que não foram tratados.
Esta carta e todo o conteúdo do volume intitulado “Reflexão pós-
-capitular” quer ser uma resposta fiel ao mandato recebido da Assem-
bleia capitular.
Acrescente-se a isso o sentimento de profunda gratidão ao Se-
nhor pelo que vivemos, sobretudo por tê-lo vivido em Valdocco.
O nosso CG28 ficou marcado de modo especial por ter acontecido
em Valdocco, berço do nosso carisma, lugar santo onde o nosso

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 9
Pai Dom Bosco respondia «à vida dos jovens com um rosto e uma
história».1 Vivemos, assim, o nosso Capítulo-Geral em Valdocco
com a clara consciência de que é a casa de todos. Foi o que nos
recordou o Santo Padre Francisco, que desejava fazer a Dom Bos-
co, na pessoa dos seus filhos reunidos em Assembleia capitular, o
belíssimo presente de ir encontrar-se conosco.
O Papa já me antecipara há alguns meses o seu desejo de ir pes-
soalmente a Valdocco. No início do Capítulo-Geral, os diálogos man-
tidos com os responsáveis das visitas do Papa confirmaram a visita
prevista para os dias 6 e 7 de março. Estava tudo preparado. Nós o
esperávamos ao meio-dia de sexta-feira 6 de março. Ficaria conosco
até a manhã do dia 7 e, depois, visitaria seus familiares. Infelizmente,
a pandemia do coronavírus e as restrições impostas em todo o Estado
italiano tornaram a visita impossível; teria sido um evento único na
história, ao menos pelo tempo da presença do Santo Padre e da sua
participação direta no Capítulo-Geral, como era seu desejo.
Por telefone, o Papa deixou-nos uma saudação que compartilhei
com a Assembleia capitular; e no dia seguinte tivemos nas mãos
a Mensagem enviada por ele ao CG28, que encontrareis ao longo
desta publicação.
Vivemos, desde o início do CG28, com uma forte consciência que
nos levou a colocar-nos na disposição mediante a qual «o Espírito faz
reviver o dom carismático do [nosso] Fundador». Era o que o Santo
Padre desejava, evocando o primeiro Oratório, ao convidar-nos a não
fechar as janelas ao vozerio e aos alaridos que subiam do pátio de
Valdocco. Esse «rumor de fundo» deve acompanhar-nos, deixar-nos
inquietos e intrépidos no nosso discernimento.
Disso nos ocuparemos nos próximos seis anos pelo bem dos jovens
do mundo. Jovens que tiveram um rosto concreto e visível no esplên-
dido grupo que durante alguns dias viveu o Capítulo-Geral conosco,
nos desafiou, nos falou com o coração e com a mente, e nos comoveu.
1 Francisco, Mensagem aos membros do CG28, Roma 4 de março de 2020. Sirvo-me
desta primeira nota para dizer-vos que a minha carta será enriquecida com citações
textuais da mensagem que o Papa Francisco pensou para nós como Congregação e
como Assembleia capitular e que nos enviou no momento mais oportuno das nossas
reflexões e dos nossos trabalhos. Dada a importância das palavras do Santo Padre,
decidi não as apresentar nas notas de pé de página, mas no corpo da carta. Bastará
ver o texto entre aspas para reconhecer nele a palavra do Papa.

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10 ATOS DO CONSELHO-GERAL
E como em Valdocco tudo nos fala de Dom Bosco e dos seus jo-
vens, e como os jovens de hoje nos chamam, falam conosco e espe-
ram por nós, propomos como Congregação algumas metas que nos
colocarão na posição de responder à realidade atual, fazendo-nos sair
dos nossos temores e das nossas “zonas de conforto”, onde quer que
estejam e o que quer que sejam.
Estas linhas programáticas, caros Irmãos, têm o objetivo de ser um
programa de ação para o próximo sexênio, em absoluta continuida-
de com o caminho percorrido anteriormente pela Congregação e que,
também por este motivo, infunde-nos força e coragem.
São vários os desafios que devemos enfrentar nos próximos seis
anos. Apresento-os como fruto da reflexão feita durante o Capítulo-
-Geral e depois dele. E ofereço-os à Congregação, tendo conhecido
detalhadamente, nos seis anos passados, a realidade que estamos a
viver e, ultimamente, o caminho da Igreja. Proponho-os a todas as
Inspetorias, depois de tê-los compartilhado com os membros do Con-
selho-Geral, porque estes desafios devem ser o espelho diante do qual
cada Inspetoria do mundo é chamada a confrontar-se, e devem ser
os critérios para definir as finalidades, os objetivos, os processos e as
ações concretas para o próximo sexênio, em todos os lugares onde o
carisma dos filhos de Dom Bosco se enraizou.
Os desafios aos quais dar a nossa resposta e os objetivos a perse-
guir são estes:
1. SALESIANO DE DOM BOSCO PARA SEMPRE. Um
sexênio para crescer na identidade salesiana
2. Numa Congregação à qual somos convidados pelo “DA
MIHI ANIMAS, COETERA TOLLE”
3. A viver o “SACRAMENTO SALESIANO DA PRESENÇA”
4. A formação para ser SALESIANOS PASTORES HOJE
5. PRIORIDADE ABSOLUTA pelos jovens, os mais pobres e
os mais abandonados e indefesos
6. COM OS LEIGOS NA MISSÃO E NA FORMAÇÃO. A
força carismática que os leigos e a Família Salesiana nos
oferecem
7. É TEMPO DE UMA MAIOR GENEROSIDADE NA CON-
GREGAÇÃO. Uma Congregação universal e missionária
8. Acompanhando os jovens para um FUTURO SUSTENTÁVEL

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 11
1. SALESIANO DE DOM BOSCO PARA SEMPRE: «Frade ou
não frade, eu fico com Dom Bosco» (Cagliero). UM SEXÊNIO
PARA CRESCER NA IDENTIDADE SALESIANA.
« O Senhor nos deu Dom Bosco como pai e mestre.
Nós o estudamos e imitamos, admirando nele esplên-
dida harmonia de natureza e graça. Profundamente
homem, rico das virtudes do seu povo, era aberto às
realidades terrenas; profundamente homem de Deus,
cheio dos dons do Espírito Santo, vivia “como se vis-
se o invisível”» (C. 21).
Em minha última fala na aula capitular, durante o discurso de en-
cerramento do CG28, referi-me a um diálogo que tive com um irmão
no primeiro dia. Ele pediu para conversar comigo e disse-me: «Não
nos deixeis sozinhos. Precisamos de ajuda para ser verdadeiramente
Salesianos, para não perder a nossa identidade».
Senti profundamente que o Senhor nos falava naquele momento
também através daquele nosso irmão. E fazia-nos entender a impor-
tância e a urgência de crescer e consolidar a identidade carismática
em nossa Congregação.
A nossa condição de consagrados é o ponto de partida essencial e
fundamental. O futuro da vida consagrada, e a vida salesiana para nós
consagrados, tem a sua razão de ser no seu fundamento que é Jesus
Cristo. Como consagrados, a sequela de Cristo plasma a nossa iden-
tidade integrando nela a nossa formação pastoral. Como consagrados,
como Salesianos de Dom Bosco, Deus faz de nós «memória viva da
forma de existir e atuar de Jesus».2 E o desafio vocacional, para toda
a vida consagrada, e para nós, de modo particular como Salesianos de
Dom Bosco, é «retornar sempre a Jesus», renunciando a tudo que não
seja Ele ou que nos afaste d’Ele.
Com muita humildade e clareza de visão, devemos reconhecer que a
saída da crise da vida religiosa, da vida salesiana, das dificuldades de to-
das as Inspetorias, não será encontrada em novos projetos nem em planos
estratégicos nem em uma “programação 3.0”. Na maior parte das vezes,
diante da decepção, do cansaço existencial, da falta de motivação..., tra-
ta-se de retornar a Cristo, à vida religiosa, à vida consagrada salesiana,
2 Vita Consecrata, 22.

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12 ATOS DO CONSELHO-GERAL
porque podemos viver acreditando erroneamente que tudo encontra seu
sentido em fazer coisas. Não, caros Irmãos, sem Jesus Cristo no centro do
nosso pensar, sentir, viver, sonhar, trabalhar... não há futuro, e não pode-
mos oferecer nada de significativo. Nas palavras do Papa Francisco: «O
Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para
a qual fomos criados. Quer-nos santos e espera que não nos resignemos
com uma vida medíocre, superficial e indecisa».3
Não esqueçamos que a missão salesiana e a mesma Congregação
nasceram de Deus, suscitadas pelo seu Espírito: «Com sentimento de
humilde gratidão, cremos que a Sociedade de São Francisco de Sales
não nasceu de simples projeto humano, mas por iniciativa de Deus»
(C. 1); e que cada um de nós, Salesianos de Dom Bosco, é enviado aos
jovens pelo próprio Deus (cf. C. 15).
Depois do Capítulo-Geral 28 “especial”, creio que se espera de
nós Salesianos, 162 anos após o início da nossa Congregação, que
vivamos prontos e sejamos ágeis na escuta do sopro do Espírito de
Deus, o Espírito Santo, para continuar a ter Jesus Cristo Senhor
como fundamento e centro da nossa vida, renovar a profecia que
deve caracterizar a nossa vida e continuar a crescer em humanida-
de até sermos os “especialistas em humanidade” que sabem olhar
e contemplar, até deixar-se comover, pela dor e pelas necessidades
dos nossos irmãos e irmãs (a começar daqueles de nossas comuni-
dades), dos adolescentes, dos jovens e das jovens e suas famílias.
Devemos assumir com seriedade o nosso serviço profético. A nossa
contribuição específica é sermos ícones do estilo de vida de Jesus,
totalmente consagrado ao Pai e ao Seu projeto para a humanidade:
o Reino. Espera-se de nós, então, que sejamos sinais e testemunhas
da presença paterna de Deus – que é uma presença afetuosa, capaz
de um olhar de ternura e com os braços abertos, alargados, sobre-
tudo aos mais pobres, aos nossos jovens –, fazendo ser realidade a
nossa fraternidade, tornando-a atraente, fascinante, e vivendo com
simplicidade e sobriedade.
O Senhor ressuscitado convidava os seus discípulos a voltarem à Ga-
lileia para encontrá-Lo e revê-Lo. Esse convite é extremamente atual para
nós e, expressando-me em chave salesiana, gostaria de dizer que hoje a
nossa Galileia, para o encontro com o Senhor, como Salesianos de Dom
3 Francisco, Exortação apostólica Gaudete et exsultate, Roma 19 de março
de 2018, 1.

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 13
Bosco, passa por Valdocco, pelos inícios de Valdocco, também frágeis,
mas com a força e a paixão da frase que o jovem João Cagliero expres-
sou com tanto ardor e entusiasmo juvenil: «frade ou não frade, eu fico
com Dom Bosco». Valdocco é, de fato, a atmosfera espiritual e apostólica
em que cada um de nós respira o ar do Espírito, onde alimentamos e re-
forçamos a nossa identidade carismática. É o lugar da “transfiguração”
para cada Salesiano que, dando atenção a todos os elementos da nossa
espiritualidade, poderá contribuir para tornar cada uma de nossas casas
um autêntico Valdocco, onde seja possível encontrar, face a face, na vida
quotidiana, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus passa, olha para nós com amor e chama-nos a segui-Lo.
No mistério desse chamado, no olhar que não nos julga, mas nos
sonda por dentro e nos observa, na aventura de caminhar nos seus
passos, todos nós podemos descobrir o projeto que Deus concebeu
para cada um de forma original. Hoje, muitos dos que decidem
abandonar a Congregação sofrem de uma mesma coisa: não ter
entrado em contato com o Senhor Jesus e não ter tido a mesma pai-
xão do jovem Cagliero de ficar com Dom Bosco para seguir Jesus.
Eis porque, às vezes, qualquer outra oferta pastoral que tenha indí-
cios de autonomia, de autogestão, de independência, de gestão de
si e dos próprios recursos econômicos, exerce em alguns irmãos
um fascínio suficiente que os leva a pedir para ir a outros lugares.
Precisamos reconhecer honestamente que é esse o caso. Às vezes,
o dom do ministério presbiteral também não é compreendido ple-
namente e é instrumentalizado e vivido como “poder”. Isso ofusca
a aliança que Deus estabeleceu conosco com o dom da consagração
religiosa, centro da nossa vida pessoal e comunitária.
PROPOSTA
Este sexênio deverá distinguir-se na Congregação por um pro-
fundo trabalho de crescimento na profundidade carismática, na
identidade salesiana, em todas as fases da vida, com um empenho
sério em todas as Inspetorias e em cada comunidade salesiana,
para chegar a dizer como Dom Bosco: «Prometi a Deus que até
meu último alento seria para meus pobres jovens».4
4 MB XVIII, 258, citado também em nossas Constituições, art.1.

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14 ATOS DO CONSELHO-GERAL
Por isso:
→ Em todas as etapas da formação, com a profundidade que lhe
corresponde, cuidaremos como urgência e necessidade im-
prescindíveis dos elementos que dão identidade carismática a
cada Salesiano e nos fazem enamorar-nos de Dom Bosco e dos
jovens com o coração de Jesus Bom Pastor.
→ Daremos prioridade às características da nossa identidade caris-
mática de pessoas consagradas que fazem de nós sinais proféti-
cos: a vida feliz com raízes no Evangelho, a fé viva ancorada em
Deus, a comunhão que torna atraente a vida comunitária, a atitude
profética diante da injustiça e do mal e a visão de esperança com
o desejo de conversão.
→ Nas Inspetorias, será necessário um prudente discernimento
em relação às obediências dadas aos irmãos, para não correr
o risco de se perder o sentido autêntico e a paixão do coração
salesiano e não cair em formas de genericismo carismático ou
orientar-se para realidades pastorais diocesanas que levam ao
afastamento da Congregação.
→ Como Congregação, continuemos a ter muita atenção para não
contrairmos o «vírus do clericalismo e do carreirismo».5
→ Em todas as comunidades valorizemos, na reflexão e na parti-
lha, a primeira parte do documento «Animação e governo da
comunidade. O serviço do diretor salesiano», que apresenta
a “identidade consagrada salesiana”.
2. Numa Congregação em que é URGENTE o “DA MIHI ANIMAS
COETERA TOLLE”
«Com sentimento de humilde gratidão, cremos que a
Sociedade de São Francisco de Sales não nasceu de
simples projeto humano, mas por iniciativa de Deus.
5 Cf. Francisco, Exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit, Roma, 25 de março de
2019, 98. A Exortação traz esta citação: «O clericalismo é uma tentação permanente
dos sacerdotes, que interpretam “o ministério recebido mais como um poder a ser
exercido do que como um serviço gratuito e generoso a oferecer; e isto leva a julgar
que se pertence a um grupo que possui todas as respostas e já não precisa escutar e
aprender mais nada”», Francisco, Discurso à primeira Congregação Geral da XV As-
sembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Roma, 3 de outubro de 2018.

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 15
Para colaborar na salvação da juventude, “a porção
mais delicada e preciosa da sociedade humana”, o
Espírito Santo, com a maternal intervenção de Maria,
suscitou São João Bosco.
Formou nele um coração de pai e mestre, capaz de
doação total: “Prometi a Deus que até meu último
alento seria para meus pobres jovens» (C.1).
Os testemunhos dos primeiros tempos da nossa história congre-
gacional e a reflexão que a Congregação desenvolveu ao longo dos
anos evidenciam um fato muito significativo: a expressão que melhor
exprime o zelo e a caridade pastoral dos Salesianos de Dom Bosco é
“Da mihi animas, coetera tolle”.
O menino, Domingos Sávio, que, na presença do jovem sacerdote
de 34 anos, que era Dom Bosco, viu essa frase escrita no ingresso do
seu escritório e compreendeu-a perfeitamente: «Compreendi: aqui não
se trata de dinheiro, mas de almas».6 Contemplando Dom Bosco, com-
preendemos a sua profunda espiritualidade e as qualidades especiais
de educador que marcaram o seu modo de relacionar-se com os ado-
lescentes e os jovens. Em Dom Bosco e na sua história, encontramos
a base da nossa ação educativo-pastoral, que se caracteriza pela pro-
posta de vida cristã muito concreta, pela atenção diante de cada jovem,
com o interesse de oferecer respostas concretas às suas exigências,
pela confiança na presença de Deus.
A nossa missão, sobretudo no acompanhamento dos jovens, deve
caracterizar-se pela capacidade pedagógica e espiritual criativa típica
do nosso Pai Dom Bosco, com que podemos superar as distâncias em
relação à sensibilidade das novas gerações, oferecendo-lhes uma es-
cuta amável e uma compreensão misericordiosa, suscitando os gran-
des questionamentos sobre o mistério da vida e ajudando-os a buscar
o Senhor e encontrar-se com Ele.
O Capítulo-Geral 26 enfrentava precisamente isso tudo ao refletir
sobre o lema de Dom Bosco: “Da mihi animas, coetera tolle”. Pois
bem, com a visão de hoje e com o conhecimento da nossa realidade,
creio que posso dizer: é necessário e urgente para nós que a nossa
Congregação viva, respire e caminhe procurando fazer do “Da mihi
6 J. Bosco, Vida do jovem Domingos Savio, aluno do Oratório de São Francisco de
Sales, in Fontes Salesianas: I. Dom Bosco e a sua obra, Brasília, EDB, 2015, 1126.

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16 ATOS DO CONSELHO-GERAL
animas, coetera tolle” uma realidade no anúncio do Evangelho, para
vantagem dos nossos jovens e para o nosso próprio bem.
A nossa missão coloca-nos com frequência na fronteira, onde en-
tramos habitualmente em contato com cristãos de outras confissões,
com membros de outras religiões, com não crentes ou crentes afasta-
dos: também com eles e para eles queremos realizar a missão. Todos
os tempos e todos os lugares são adequados ao Evangelho.
Meus caros Irmãos, agora, após o CG28:
→ É urgente dar prioridade absoluta ao trabalho pela evangeli-
zação dos jovens com propostas conscientes, intencionais e
explícitas. Somos convidados a levá-los a conhecer Jesus e a
Boa-Nova do Evangelho para suas vidas.
→ É urgente ajudar os jovens (e suas famílias) a descobrirem a
presença de Cristo em suas vidas como chave para a felicidade
e o significado da existência.
→ É urgente acompanhar as crianças, os adolescentes e os jovens
em seu processo de educação à fé, para poderem aderir pes-
soalmente à pessoa de Cristo.
→ É urgente ser “verdadeiros educadores” que, por experiência
pessoal, acompanham o jovem no diálogo com Deus na oração
e na celebração dos sacramentos.
Sem isso, caros Irmãos, outros esforços titânicos da Congregação
tenderão à bondade da promoção humana e à assistência social – que
sempre são muito necessárias e pertencem à nossa identidade caris-
mática – mas não nos levarão à primeira razão pela qual o Espírito
Santo suscitou o carisma salesiano em Dom Bosco: «Fiéis aos com-
promissos que Dom Bosco nos transmitiu, somos evangelizadores dos
jovens» (C. 6). A primeira finalidade da nossa pastoral juvenil é a con-
versão das pessoas ao Evangelho de Jesus Cristo.
Com todas as tonalidades da sensibilidade histórica, que queremos ter
presentes, e a compreensão linguística da época, que acreditamos ser ne-
cessária, não podemos prescindir do elemento essencial e constitutivo que
caracterizou a ação educativo-pastoral de Dom Bosco, como foi expres-
sada pelo Reitor-Mor P. Vecchi: «A pedagogia de Dom Bosco é uma pe-
dagogia da alma, da graça, do sobrenatural. Quando se chega a ativar essa
energia, começa o trabalho mais profícuo da educação. O outro, válido em
si, é propedêutico e concomitante a ele, que o transcende».7
7 J. E. Vecchi, Orientações para um caminho de espiritualidade salesiana, ACG 354,
1995, pp. 24-25.

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 17
O “coetera tolle” faz com que vivamos disponíveis para deixar
tudo o que nos impede de ir ao encontro de quem mais precisa de nós.
É a ascese que emana da opção anterior, renunciando a muitas coisas
(gostos pessoais, preferências e mesmo ações e serviços legítimos),
ao que não nos permite dedicar todas as energias do coração pastoral
àquilo a que damos prioridade.
PROPOSTA
→ Então, proponho à nossa Congregação, para o próximo
sexênio, que sejamos exigentes com nós mesmos ao res-
ponder à «URGÊNCIA DE REPROPOR O PRIMEIRO
ANÚNCIO COM MAIS CONVICÇÃO porque “nada há
de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consis-
tente e mais sábio que esse anúncio” (ChV, 214)».8
Por isso:
→ O Reitor-Mor e seu Conselho, com todas as Inspetorias, estão
empenhados, neste sexênio, em tomar as decisões oportunas
para qualificar a presença salesiana na evangelização e na
educação à fé. Trata-se de uma autêntica conversão pastoral,
pessoal e comunitária, a que somos chamados.
→ Promoveremos uma pastoral juvenil que acompanhe os jovens
em vista do seu amadurecimento pessoal, do crescimento na
fé, e tenha como princípio unificador a dimensão vocacional
(DF 140, ChV 254).9
→ Continuaremos a empenhar-nos em todos os níveis da nossa
Congregação para concretizar «uma mudança de mentalidade
diante da missão a realizar» (Papa Francisco ao CG28).10
8 CG28, Prioridade da missão salesiana entre os jovens de hoje. Primeiro núcleo, n. 4.
9 Documento final do Sínodo dos jovens, a partir de agora citado com DF.
10 O Papa Francisco disse-nos: «A “opção Valdocco” do vosso 28º Capítulo-Geral é
uma boa ocasião para se confrontar com as fontes e pedir ao Senhor: “Da mihi
animas, coetera tolle”. Tolle, sobretudo aquilo que durante o caminho se foi
incorporando e perpetuando e que, ainda que noutro tempo tivesse sido uma
resposta adequada, hoje vos impede de configurar e plasmar a presença salesia-
na de maneira evangelicamente significativa nas diversas situações da missão.
Isto pede, da nossa parte, superar os medos e as apreensões que podem surgir
por ter acreditado que o carisma se reduzisse ou identificasse com determinadas
obras ou estruturas. Viver fielmente o carisma é qualquer coisa mais rica e esti-
mulante que o simples abandono, remedeio ou readaptação das casas ou das ati-

2.4 Page 14

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18 ATOS DO CONSELHO-GERAL
→ Daremos a conhecer e faremos estimar, como coluna funda-
mental da nossa obra de evangelização e educação, o que foi
essencial para Dom Bosco e para muitas gerações de Salesia-
nos: a belíssima presença da nossa Mãe Auxiliadora nas nos-
sas propostas educativas e na oração com os jovens.
3. VIVER O “SACRAMENTO SALESIANO” DA PRESENÇA
«Nossa vocação é marcada por um dom especial de
Deus, a predileção pelos jovens: “Basta que sejais jovens
para que eu vos queira muito”. Esse amor, expressão da
caridade pastoral, dá sentido a toda a nossa vida.
Pelo bem deles oferecemos generosamente tempo,
dotes pessoais e saúde: “Por vós estudo, por vós tra-
balho, por vós eu vivo, por vós estou disposto até a
dar a vida”» (C. 14).
O Papa Francisco, em sua Mensagem ao Capítulo, falou-nos
da “opção Valdocco e do carisma da presença”, carisma que me
permito qualificar livremente como “sacramento salesiano” da
presença. O Papa escreve que «antes ainda de o que fazer, o Sale-
siano é memória viva de uma presença em que a disponibilidade, a
escuta, a alegria e a dedicação são as notas essenciais para suscitar
processos. A gratuidade da presença salva a Congregação de todas
as obsessões ativistas e de todos os reducionismos técnico-funcio-
nais. O primeiro chamamento é ser uma presença alegre e gratuita
entre os jovens». O nosso ser discípulos do Senhor, o nosso modo
autêntico e profundo de ser apóstolos dos jovens passa antes de
tudo pelo nosso viver entre o povo e, de modo especial, entre os
jovens e as jovens.
O que foi dito de modo coloquial não pode ser expressado de
modo melhor. Trata-se, caros Irmãos, de recuperar o primeiro amor
vocacional, aquele que todos nós experimentamos quando senti-
mos que o Senhor nos chamava a ser presença alegre e gratuita
entre os jovens. Ouso dizer que não existe um só Salesiano que, de
uma maneira ou de outra, não tenha sentido isso no seu coração.
vidades; comporta uma mudança de mentalidade diante da missão a realizar».

2.5 Page 15

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 19
Refletimos sobre esse aspecto durante o CG28. Tomamos ciência
de que muitos jovens vivem uma verdadeira situação de orfandade
mesmo quando têm os pais. Os próprios jovens nos disseram em sua
mensagem ao CG28: «Temos medo, vivemos confusos, frustrados, e
temos grande necessidade de ser amados... Um resultado do nosso te-
mor é a dificuldade que sentimos diante do comprometimento... Acre-
ditamos que a nossa sociedade é individualista e que, muitas vezes,
também nós somos individualistas... queremos ser capazes de retor-
nar ao primeiro amor que é Cristo, àquele ser companheiro e amigo
dos jovens que é próprio dele. Temos um desejo intenso de realização
espiritual e pessoal. Queremos caminhar no crescimento espiritual e
pessoal e queremos fazê-lo convosco, Salesianos».11
Não ponhamos em dúvida essa verdade dos próprios jovens, que
também reconhecemos na aula capitular: «Pedem-nos tempo e nós
lhes damos espaço; pedem-nos relação e nós lhes prestamos ser-
viços; pedem-nos vida fraterna e nós lhes oferecemos estruturas;
pedem-nos amizade e nós lhes proporcionamos atividades. Tudo
isso nos empenha a redescobrir as riquezas e as potencialidades do
“espírito de família”».12
Os próprios jovens que nos acompanharam durante o Capítulo-Geral
dirigiram-nos um forte apelo a sermos presença significativa para eles.
Disseram-nos explicitamente: «Temos um desejo intenso de realização
espiritual e pessoal. Queremos caminhar no crescimento espiritual e pes-
soal e queremos fazê-lo convosco, Salesianos... Gostaríamos que fosseis
aqueles que nos orientam, no interior da nossa realidade, com amor... Sa-
lesianos, não vos esqueçais de nós, jovens, porque nós não nos esquece-
mos de vós e do Carisma que nos ensinastes! Queremos vos dizer com
força, de todo o coração: estar aqui foi para nós um sonho que se tornou
realidade, neste lugar especial que é Valdocco, onde a missão salesiana
começou, com Salesianos e jovens para a missão salesiana, com a nossa
vontade comum de juntos sermos santos. Tendes os nossos corações em
vossas mãos. Cuidai desse vosso tesouro precioso. Por favor, jamais vos
esqueçais de nós e continuai a escutar-nos».13
Caros Irmãos, é um grande privilégio sentir a pulsação de
vida do coração dos jovens! E não tenho nenhuma dúvida de
11 Carta dos jovens ao CG28.
12 CG28, Prioridade da missão salesiana entre os jovens de hoje. Primeiro núcleo, n. 5.
13 Carta dos jovens ao CG28.

2.6 Page 16

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20 ATOS DO CONSELHO-GERAL
que, em toda a Congregação, são muitos os irmãos que vivem
hoje para os jovens como verdadeiros Dom Bosco. Todavia não
me satisfaço com isso. Todos nós devemos viver assim. Deve-
mos continuar o caminho de conversão. Esse esforço exige de
nós uma mudança de mentalidade e de ritmos de vida, abertura
de mente e de coração, superação de hábitos enraizados e crista-
lizados. Os jovens dizem que nos amam, que precisam de nós, que
nos esperam. A expressão de Dom Bosco «procura fazer-te amar» é
plenamente atual hoje. Estar presente não consiste unicamente em
passar algum tempo com os jovens como grupo, mas em encontrá-
-los individualmente, de modo pessoal, para criar uma relação que
permita conhecer e escutar os seus desejos, as suas dificuldades
e cansaços e, às vezes, os seus medos e os seus receios. Trata-
-se de uma relação que quer ir além do conhecimento superficial,
oferecendo uma amizade caracterizada pela confiança mútua e a
partilha recíproca. A amorevolezza ou bondade tornou-se assim a
forma substancial da caridade de Dom Bosco. Ele pede-nos hoje,
como na carta de Roma de 1884, a capacidade de encontrar-nos, a
disponibilidade para o acolhimento, a familiaridade. Como Dom
Bosco, precisamos cultivar também a arte de dar o primeiro passo,
eliminando distâncias e barreiras e fazendo brotar a alegria e o
desejo de encontrar-se, de ser amigo. Esta arte consiste em criar,
com paciência e dedicação, uma atmosfera rica de humanidade,
um clima familiar em que adolescentes e jovens se sintam muito
livres e capazes de se exprimirem e serem eles mesmos, assimilan-
do com alegria os valores que lhes são propostos. Esta pedagogia
do espírito de família é também uma escola de fé para os jovens.
Oferecemos amor e acolhida incondicionada, para que possam des-
cobrir progressivamente, a partir da opção de liberdade pessoal,
a confiança e o diálogo, assim como a celebração e a experiência
comunitária da fé.
Não esqueçamos que a presença salesiana é uma presença especial,
que leva o Salesiano a tratar os jovens com profundo respeito, encon-
trando-os no seu nível de liberdade e tratando-os como sujeitos ativos
e responsáveis da comunidade educativo-pastoral. Salesiano aprende,
portanto, o estilo de escuta, diálogo e discernimento pessoal e comu-
nitário. Isso vale não só na pastoral entre os jovens, mas também nas
nossas casas de formação, onde “se aprende a ser Salesianos”.
Contudo, esta modalidade de presença não é possível vivendo dis-
tantes dos jovens: distantes deles fisicamente e distantes da sua psico-

2.7 Page 17

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 21
logia e do seu mundo cultural. Esse é o perigo. A alternativa adequada
é viver como Salesianos, como filhos de Dom Bosco, a mesma expe-
riência de paternidade que ele viveu com os seus meninos, traduzida
num verdadeiro amor e, ao mesmo tempo, numa “admiração” real em
relação aos próprios jovens. A partir do grande valor que tem para nós
a presença entre os jovens. Lemos na Mensagem do Papa ao CG28:
«A vossa consagração é, antes de mais nada, sinal de um amor gratuito
do Senhor e ao Senhor nos seus jovens, que não se define principal-
mente como um ministério, uma função ou um serviço particular, mas
através de uma presença. Antes ainda de o que fazer, o Salesiano é
memória viva de uma presença em que a disponibilidade, a escuta, a
alegria e a dedicação são as notas essenciais para suscitar processos.
A gratuidade da presença salva a Congregação de todas as obsessões
ativistas e de todos os reducionismos técnico-funcionais. O primeiro
chamamento é ser uma presença alegre e gratuita entre os jovens».
Permito-me recordar que a presença toca hoje também o mundo
digital, um novo verdadeiro areópago para nós, um habitat dos jovens
de hoje. Também nele, devemos estar presentes, com uma clara iden-
tidade salesiana, com o desejo de levar o anúncio da boa-nova e sim-
plesmente com a alegria e a sensibilidade dos discípulos do Senhor.14
PROPOSTA
Proponho, para este sexênio, como expressão da nossa CONVER-
SÃO, o que já fora pedido pelo CG26, ou seja: «todo Salesiano encontre
tempo para estar no meio dos jovens como amigo, educador e teste-
munha de Deus, qualquer que seja o seu papel na Comunidade».15
Embora possa parecer estranho pedir a um Salesiano que encon-
tre tempo para estar no meio dos jovens, acredito que é muitíssimo
necessário.
Por isso proponho
→ Promover uma presença eficaz e afetiva entre e com os jovens,
em comunhão de vida e de ação. Valorizar e relançar a bela expe-
riência e a renovada figura do assistente, não só para os tirocinan-
tes, mas para a vida inteira do Salesiano de Dom Bosco.
14 A revolução digital pede-nos para compreender as profundas trans-
formações que estão acontecendo não só no campo da comunicação,
mas sobretudo no modo da organização e administração das nossas
relações humanas» (Núcleo 1 elaborado pelo CG28).
15 CG26, “Da mihi animas, coetera tolle, n. 14.

2.8 Page 18

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22 ATOS DO CONSELHO-GERAL
→ Dar atenção, em todas as presenças, ao estilo do ambiente
oratoriano: atmosfera familiar, acolhimento, espiritualidade
e a dimensão da alegria profunda.
→ Acompanhar o dinamismo dos jovens promovendo o seu pro-
tagonismo e liderança em todas as casas e na missão salesia-
na que ali se realiza.
→ Assegurar a presença dos formadores nas comunidades de
formação, onde se comunica o espírito salesiano antes de
tudo com o exemplo: viver entre eles, ajudando intensa-
mente os jovens irmãos a serem os primeiros responsáveis
da própria formação.
→ Empenhar o Dicastério para a Comunicação Social, nos vá-
rios níveis, na oferta de instrumentos e estímulos para um
processo constante de revisão, atualização, inculturação da
missão salesiana no habitat digital, onde os jovens vivem,
envolvendo as nossas universidades em rede com os demais
centros e agências que mais de perto acompanham e estu-
dam as transformações que o mundo digital está trazendo
às novas gerações.
4. A FORMAÇÃO PARA SER SALESIANOS PASTORES HOJE
«Iluminado pela pessoa de Cristo e pelo seu Evange-
lho, vivido segundo o espírito de Dom Bosco, o Sa-
lesiano se empenha num processo formativo que dura
toda a vida e lhe respeita os ritmos de amadurecimen-
to. Faz experiência dos valores da vocação salesiana
nos diversos momentos de sua existência e aceita a
ascese que esse caminho implica.
Com a ajuda de Maria, Mãe e Mestra, tende a tor-
nar-se educador-pastor dos jovens na forma laical ou
sacerdotal que lhe é própria» (C. 98).
A formação é realmente uma dádiva preciosa do Senhor, que faz
amadurecer em nós, como Salesianos de Dom Bosco, o dom inesti-
mável do chamado do Pai à vocação cristã e consagrada. Apesar de a
realidade numérica das vocações não ser homogênea no mundo todo,
a Congregação é abençoada todos os anos com o ingresso de 450 no-
viços em média. Agradeçamos a Deus porque, como dizem as nossas

2.9 Page 19

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 23
Constituições, cada vocação manifesta o quanto o Senhor ama a Igreja
e a nossa Congregação (cf. C. 22).
Entretanto, a Assembleia capitular também reconheceu algumas
fragilidades nossas e assim se exprimiu: «Notamos que, às vezes, a
identidade consagrada salesiana parece frágil e pouco enraizada: o
primado de Deus na vida pessoal e comunitária nem sempre emerge
com clareza; algumas formas de clericalismo e de secularismo correm
o risco de fazer entrar na Congregação a “mundanidade espiritual”; a
promoção do Salesiano leigo em algumas Regiões é escassa; a falta de
pessoal preparado no âmbito da salesianidade, não obstante a grande
quantidade de material à disposição, é sinal de insuficiente atenção ao
aprofundamento do carisma».16 Este âmbito emergiu, realmente, de
modo muito intenso durante os trabalhos do nosso Capítulo-Geral 28.
Ousaria dizer que se isso acontece em todas as congregações reli-
giosas e também na formação dos seminários diocesanos, a distância
abissal que se percebe entre a formação e a missão salesiana é, sem
dúvida, para nós um grande desafio. Talvez essa distância se deva à
grande diferença existente entre a realidade das casas de formação ini-
cial e a vida nas comunidades apostólicas (as comunidades ordinárias
de todas as Inspetorias); talvez o fenômeno dependa também do fato
de a formação nem sempre conseguir chegar ao coração do jovem Sa-
lesiano em formação; talvez no currículo formativo sejam transmiti-
dos conhecimentos e informações que não conseguem tocar a vida e a
missão salesiana. O crescimento é um processo lento de unificação da
pessoa, que põe em relação experiências de vida, necessidades exis-
tenciais, conhecimentos, missão, relações, vocação, projeto de vida...
Nesse processo de unificação, nós nos formamos para ser educadores
e pastores num mundo novo e numa missão renovada. Qualquer que
seja a razão dos limites formativos que constatamos, vemo-nos diante
de um grande desafio, evidenciado pela Congregação, e que precisa-
mos enfrentar com decisão no sexênio.
Por outro lado, não podemos negar a existência da perigosa per-
suasão de que a formação termina quando terminam as fases ini-
ciais, e, no caso dos candidatos ao sacerdócio, quando se chega ao
ministério. Essa ideia errada faz-nos muito mal e leva-nos a pagar
preços elevados no ministério pastoral. Trata-se, pois, de entender
a formação como um processo de transformação pessoal que dura
16 CG28, Perfil do Salesiano hoje. Segundo núcleo, n. 1.

2.10 Page 20

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24 ATOS DO CONSELHO-GERAL
a vida inteira, embora seja caracterizada por uma intensidade espe-
cial e com atenções específicas nas primeiras etapas. Resumindo,
a formação é o caminho necessário para construir e conservar a
nossa vocação.
Frequentemente não sabemos transformar a vida pastoral quotidia-
na numa oportunidade permanente para a nossa formação e, por isso,
«a comunidade, tanto religiosa como educativo-pastoral, não conse-
gue ser o ambiente natural em que somos formados».17 Estamos cien-
tes de algumas possíveis fragilidades pastorais: superficialidade, im-
provisação, ativismo. O perigo do individualismo não é menos impor-
tante. Tudo isso requer humildade, lucidez, autenticidade e um novo
impulso na compreensão comunitária da nossa vida e da nossa missão.
Como se disse no Capítulo-Geral, a formação inicial é uma reali-
dade poliédrica, positiva e prometedora. Diante dessa situação, a for-
mação dos formadores, isto é, dos irmãos que acompanham com uma
«vocação particular no interior da própria vocação» a formação dos
jovens Salesianos, e a criação de boas equipes de pessoas que possam
acompanhar as etapas da formação, são uma verdadeira urgência e
uma verdadeira prioridade, uma vez que a comunidade é o primeiro
lugar de formação.
Deveremos falar, quiçá, da necessidade de assumir um novo estilo
de formação? Em sua mensagem ao Capítulo-Geral, o Papa Francisco
diz-nos sobre isso: «pensar na figura do Salesiano para os jovens de
hoje implica aceitar que estamos imersos num momento de mudan-
ças».18 É preciso, então, renovar o nosso estilo formativo a ser pensado
sempre mais de forma personalizante, holística, relacional, contextual
e intercultural.19 Devemos continuar a dar novos passos para organizar
e viver realmente a formação no horizonte da vocação e, portanto, bem
longe de ser entendida, como às vezes se pretende fazer, apenas como
um dever que dura alguns anos e deve ser necessariamente superada
para se chegar à “vida real”, à vida concreta, aquela que se buscava.
Trata-se de um conceito formativo perigoso o que opõe a vida real à
formação do Salesiano educador e pastor!
A formação, enfim, é um verdadeiro e próprio trabalho artesanal,
tanto de quem acompanha os irmãos como de cada um no próprio
17 Idem, n. 3.
18 Idem, n. 5.
19 Idem, n. 5.

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 25
processo formativo. Nesse campo, hoje, não há espaço para a “produ-
ção em série”. O artesanato fala de obras de arte únicas, feitas à mão,
uma a uma. Discorrendo sobre esse trabalho artesanal, não podemos
preterir a figura da mulher nos ambientes educativos salesianos. De
fato, «a presença da mulher, em muitas de nossas obras, é um dado de
fato, seja no que diz respeito aos destinatários como aos correspon-
sáveis da educação».20 Nesse sentido, o Papa Francisco dirigiu-nos
um forte apelo, em sua Mensagem, dizendo: «Que seria de Valdocco
sem a presença de Mamãe Margarida? Teriam sido possíveis as vossas
casas sem esta mulher de fé? [...] Sem uma presença real, efetiva e
afetiva das mulheres, às vossas obras faltaria coragem e capacidade
para declinar a presença como hospitalidade, como casa. Diante do
rigor que exclui, é preciso aprender a gerar nova vida do Evangelho.
Convido-vos a levar por diante dinâmicas nas quais a voz da mulher,
a sua visão e o seu agir – apreciado na sua singularidade – encontrem
eco ao serem tomadas decisões; como um ator não auxiliar, mas cons-
titutivo das vossas presenças».
Um estilo e modelo renovado de formação, também com a forte ênfa-
se dada pelo Papa Francisco, não será possível esquecendo o único e mais
importante protagonista, que não é nem o formador nem o formando, mas
o Espírito Santo, o Espírito de Deus a quem cada um de nós deve ser dó-
cil. As nossas Constituições recordam-nos que «cada Salesiano assume a
responsabilidade pela própria formação» (C. 99). Permito-me acrescentar
que cada irmão deve fazer com que o Espírito Santo transforme o seu
coração ao longo da vida e nos seus diversos momentos.
O itinerário formativo assim vivido permitirá que consolidemos
na Congregação o que afirmei nas páginas precedentes: o “Da mihi
animas” deve ser o motor da paixão educativa e evangelizadora, e
também a “energia” de todo o processo formativo.
A natureza apostólica do nosso carisma, de fato, qualifica de modo
determinante a nossa formação. Como nos recorda o Papa Francisco,
em sua Mensagem, «é importante dizer que não somos formados para
a missão, mas que somos formados na missão, a partir da qual se ar-
ticula toda a nossa vida, com as suas escolhas e as suas prioridades. A
formação inicial e a permanente não podem ser uma instância prévia,
paralela ou separada da identidade e da sensibilidade do discípulo».
É evidente que temos diante de nós um dos núcleos essenciais do
caminho da Congregação nos próximos seis anos: cuidar da vocação de
cada irmão em particular e dos jovens irmãos em formação, de tal modo
20 CG24, n. 166.

3.2 Page 22

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26 ATOS DO CONSELHO-GERAL
que todos nós consigamos ser os Salesianos de Dom Bosco de que os
nossos adolescentes, os nossos jovens e suas famílias precisam hoje.
PROPOSTA
Empenhemo-nos em superar a distância entre formação e mis-
são, favorecendo na Congregação uma renovada cultura da for-
mação na missão para estes dias em todo o mundo salesiano com
medidas e decisões de grande significatividade.
Por isso:
→ Promovamos um esforço renovado para o acompanhamento
formativo dos irmãos, que possa tocar o coração e fazer com
que vivamos disponíveis para uma verdadeira e radical entre-
ga de nós mesmos. Para tanto valorizemos o subsídio “Jovens
Salesianos e acompanhamento. Orientações e diretrizes”; nele
se reafirma que o nosso modelo de formação só pode ser o
Sistema Preventivo.
→ As comunidades de formação inicial mantenham um estilo de
vida sóbrio e caracterizado pela profundidade espiritual e a
grande capacidade de serviço e trabalho, que preserve do abur-
guesamento e forme para as exigências da missão. Garanta-se
o acompanhamento pastoral como estratégia da formação para
a missão e na missão.
→ Invistamos energias na busca e na formação dos formadores
e enfrentemos com coragem o repensamento das referências
institucionais e das estruturas formativas.
→ O Setor da formação fará um sério e exigente trabalho de atuali-
zação da Ratio, potencializando o que favorece a integração entre
formação e missão e impede a formação do distanciamento en-
tre as duas dimensões. O Setor garantirá processos de verdadeiro
amadurecimento e personalização e de acompanhamento.
5. PRIORIDADE ABSOLUTA PELOS JOVENS, OS POBRES
E OS MAIS ABANDONADOS E INDEFESOS
«O Senhor indicou a Dom Bosco os jovens, especial-
mente os mais pobres, como primeiros e principais des-
tinatários da sua missão.

3.3 Page 23

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 27
Chamados à mesma missão, tomamos consciência da
sua extrema importância: os jovens vivem uma idade em
que fazem opções fundamentais de vida que preparam o
futuro da sociedade e da Igreja.
Com Dom Bosco reafirmamos a preferência pela “juven-
tude pobre, abandonada, em perigo”, que tem maior ne-
cessidade de ser amada e evangelizada, e trabalhamos es-
pecialmente nos lugares de mais grave pobreza» (C. 26).
Começo a desenvolver esta prioridade a partir das poucas frases que
pude dedicar a este tema na minha última intervenção na Aula Capitular,
antes da conclusão antecipada do nosso CG28. Posso garantir-vos, caros
Irmãos, que eram poucas as palavras, mas forte e grande a convicção.
Eu disse: «Sonho que dizer hoje “Salesianos de Dom Bosco” signifi-
que consagrados “loucos”, isto é, Salesianos que amam com verdadeiro
coração salesiano, quem sabe também “um pouco louco”, orientado
para os mais pobres. Caríssimos, se nos afastarmos dos mais pobres será
a morte da Congregação. Disse-o Dom Bosco ao falar da pobreza e da
riqueza. Permito-me especificar mais: se nós um dia abandonarmos os
jovens, e entre eles os mais pobres, começará o declínio da Congregação.
Uma Congregação que, graças a Deus, goza hoje de boa saúde, para além
das nossas fragilidades! Prestemos atenção então àquela que considero
uma autêntica “deliberação” capitular, embora não em sentido próprio,
pois o seu conteúdo já está nas nossas Constituições: opção radical, pre-
ferencial, pessoal, institucional e estrutural – enfim, de todos os pontos de
vista – pelos jovens mais necessitados, pobres e excluídos. É uma opção
que se manifesta de modo especial na defesa dos adolescentes e jovens
explorados e vítimas de toda forma de abuso: do abuso sexual à violência,
da injustiça ao abuso de poder. Este quarto ponto é um belíssimo compro-
misso que devemos trazer no coração. Um sexênio guiado por essa luz
produzirá muita vida».
Estou convencido de que assumir esta perspectiva como irrenun-
ciável será muito significativo em toda a Congregação e em todos os
contextos, culturas e continentes. Hoje, existem muitas pobrezas ju-
venis que exigem da família humana, e sem dúvida de nós Salesianos
de modo particular, uma atenção urgente. De fato, a história da nos-
sa Congregação é marcada por apelos para ir ao encontro dos jovens
mais pobres. «Como filhos de Dom Bosco, assumimos um compro-
misso histórico de servir os jovens pobres».21
21 CG XX, n. 580.

3.4 Page 24

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28 ATOS DO CONSELHO-GERAL
O nosso próprio Pai Dom Bosco disse-nos: «Seremos vistos e aco-
lhidos por todos com simpatia, desde que as nossas preocupações e
os nossos pedidos tenham em vista os filhos dos pobres, aqueles de
maior risco da sociedade. Esta deve ser para nós a maior satisfação
que ninguém nos pode tirar».22
Há muitos anos, o CG19 declarava: «Hoje, mais do que nunca,
Dom Bosco e a Igreja nos enviam para trabalhar entre os pobres, os
menos afortunados e o povo».23 O CG20 também falou da priorida-
de absoluta dos “jovens” e, dentre eles, os “pobres e abandonados”,
quando pediu que fossem os destinatários concretos da nossa missão.24
Nós mesmos dissemos, em nosso recente Capítulo, que somos
consagrados a Deus para os jovens mais pobres. Como Dom Bosco,
também nós prometemos na nossa Profissão religiosa oferecer-nos a
Deus, comprometendo todas as nossas forças a serviço dos jovens,
especialmente os mais pobres; devemos, pois, «escutar juntos o apelo
que Deus nos dirige nas pobrezas juvenis. Também requer, portanto,
profundidade espiritual, para não cair no ativismo ou numa mentalida-
de empresarial; preparação cultural, para compreender os fenômenos
em que estamos imersos e as novas pobrezas juvenis; disponibilidade
para trabalhar em conjunto, abandonando todo individualismo pasto-
ral; flexibilidade para repensar o nosso estilo de vida e as nossas obras,
sobretudo quando elas não exprimem mais a energia missionária do
carisma e respondem prevalentemente a lógicas de manutenção».25
Enfim, o apelo que dirijo a todos é de realmente contemplar o rosto
dos nossos adolescentes e dos nossos jovens até conhecer as suas his-
tórias de vida, que frequentemente são atravessadas por verdadeiras e
próprias tragédias. Se isso acontece é porque realmente amamos os
jovens e nos causará sofrimento e dor por eles. O Papa Francisco, ao
falar da opção Valdocco e do dom da juventude, disse-nos algo de pre-
cioso, que não me deixou indiferente. Escreve: «O Oratório salesiano e
tudo aquilo que nasce a partir dele, como narra a Biografia do Oratório,
nasce como resposta à vida dos jovens com um rosto e uma história, que
colocam em movimento aquele jovem sacerdote incapaz de permanecer
neutral e imóvel diante daquilo que acontecia. Foi muito mais do que
22 MB XVII, 272; Cf. MB XVII, 207.
23 CG XIX, ACS 244, p. 94.
24 CG XX, n. 45.
25 CG28, Prioridades da missão salesiana entre os jovens de hoje. Primeiro núcleo, n. 8.

3.5 Page 25

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 29
um gesto de boa vontade (...). Penso nisso como um ato de conversão
permanente e de resposta ao Senhor que, “cansado de bater” às nossas
portas, espera que o procuremos e o encontremos... Ou o deixemos sair,
quando bate de dentro. Conversão que implica (e complica) toda a sua
vida e a vida daqueles que estavam à sua volta. Dom Bosco não só não
escolhe separar-se do mundo para buscar a santidade, mas deixa-se in-
terpelar e escolhe como e que mundo habitar».26
PROPOSTA
A Congregação, durante o sexênio, em todas as Inspetorias, faz
a opção radical, preferencial, pessoal – isto é, de cada Salesiano – e
institucional em favor dos mais necessitados, dos adolescentes, das
adolescentes e dos jovens pobres e excluídos, com atenção especial
à defesa daqueles que são explorados e vítimas de todo abuso e
violência (“abuso de poder, econômico, de consciência, sexual”27).
Por isso:
→ Em todas as presenças salesianas no mundo e em todas as Ins-
petorias, devem ser tomadas as decisões necessárias para que
as crianças e os jovens mais pobres, nos lugares onde estamos
presentes, jamais sejam excluídos de nenhuma casa salesiana,
qualquer que seja o sacrifício a fazer. Pensar, decidir, criar mo-
dos para tornar essa opção possível (como sempre fez o nosso
Pai Dom Bosco).
→ Em todas as Inspetorias e casas salesianas haverá um código de
conduta para o cuidado, a prevenção e a defesa dos menores que
nos são confiados, com o compromisso de protegê-los de todo
tipo de abuso, venha de onde vier. Para nós, os adolescentes, as
adolescentes e os jovens são sagrados em nome de Deus.
→ Em nível mundial, inspetorial e local, empenhemo-nos com a
promoção das várias redes, ações e boas práticas que se referem
à nossa ação e a nossa presença entre os adolescentes, as ado-
lescentes e os jovens mais pobres, em especial também entre os
refugiados e imigrados. As organizações salesianas como DBnet-
work, DBGA e RASS devem contribuir para garantir a tutela dos
menores e caminhar em sempre maior comunhão com o Dicasté-
rio (Setor) da Pastoral Juvenil da Congregação.
26 Francisco, Mensagem ao CG28.
27 ChV, 98.

3.6 Page 26

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30 ATOS DO CONSELHO-GERAL
6. COM OS LEIGOS NA MISSÃO E NA FORMAÇÃO
«Realizamos em nossas obras a comunidade educati-
va e pastoral. Ela envolve, em clima de família, jovens
e adultos, pais e educadores, até poder tornar-se uma
experiência de Igreja, reveladora do plano de Deus.
Nessa comunidade, os leigos, associados ao nosso tra-
balho, dão a contribuição original de sua experiência
e modelo de vida.
Acolhemos e despertamos a sua colaboração e ofe-
recemos a possibilidade de conhecer e aprofundar o
espírito salesiano e a prática do Sistema Preventivo.
Favorecemos o crescimento espiritual de cada um e
propomos, a quem se sente chamado, que participe
de maneira mais estreita da nossa missão na Família
Salesiana» (C.47).
Este artigo das nossas Constituições contém os elementos mais essen-
ciais da nossa missão compartilhada com os leigos. Com essa visão, deve-
mos confrontar-nos e examinar até que ponto o caminho da Congregação,
de cada Inspetoria e de cada Irmão, vai nessa direção, que exprime bem
a nossa identidade carismática. Empenhemo-nos na formação dos leigos
que participam conosco da missão, garantindo o seu crescimento pessoal,
o seu itinerário de fé e a sua identificação vital com o espírito salesiano.
Também devemos oferecer os meios que lhes permitam realizar as tarefas
a eles confiadas. «A (re)descoberta da vocação e da missão dos leigos é
uma das grandes fronteiras da renovação proposta pelo Concílio Vaticano
II e refletida no Magistério sucessivo».28 O nosso CG24 foi certamente
uma resposta carismática à eclesiologia de comunhão do Vaticano II. Bem
sabemos que Dom Bosco, desde o início da sua missão em Valdocco,
envolveu muitos leigos, amigos e colaboradores para participarem da sua
missão entre os jovens. Logo no início «suscita participação e correspon-
sabilidade de eclesiásticos, leigos, homens e mulheres».29 Trata-se, pois,
não obstante as nossas resistências, de um ponto de não retorno porque,
além de corresponder à ação de Dom Bosco, o modelo operativo da mis-
são compartilhada com os leigos, proposto pelo CG24, é de fato «o único
praticável nas condições atuais».30
28 CG28, Com os leigos na missão e na formação, Núcleo 3, reconhecer, n. 1.
29 CG24, n. 71.
30 CG24, n. 39.

3.7 Page 27

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 31
Vinte e quatro anos depois da celebração daquele Capítulo-Geral, de-
vemos reconhecer que a aceitação e a atuação do que foi decidido foram
muito diferentes. Em algumas regiões a presença dos leigos na missão
salesiana tornou-se mais evidente. Em outras regiões da Congregação, o
caminho é muito mais lento. Em outros casos, a experiência de comunhão
ainda está nos inícios – como um caminho apenas iniciado – e, às vezes,
encontramos também fenômenos de verdadeira e real resistência.
Nestes anos, embora nas mais diversas realidades culturais, cer-
tamente foram feitos progressos. É comum que as relações entre Sa-
lesianos e leigos sejam marcadas por cordialidade, apreço recíproco,
respeito, colaboração e, quando há uma clara identidade, a realidade
das comunidades educativo-pastorais apresenta-se muito rica, mesmo
que nem sempre se perceba o valor da vocação e da missão dos leigos.
Tendemos, na verdade, a reconhecer mais facilmente o que fazem e
não tanto a sua identidade laical.
É verdade que há uma grande variedade entre os leigos das presen-
ças salesianas nas 134 nações em que nos encontramos: muitos traba-
lham em base contratual e muitos outros, sobretudo os mais jovens,
como voluntários. Há leigos com forte identidade cristã e carismática,
e outros que estão longe dessa realidade. Há católicos, há cristãos de
outras confissões ou leigos que professam outras religiões, e também
pessoas indiferentes ao fato religioso.
De modo semelhante, as modalidades de relação entre as comuni-
dades e as obras são diversas, conforme a realidade existente, contex-
tos, etc. Na reflexão feita no Conselho-Geral tomamos ciência dessa
grande diversidade, como se reflete em nossa contribuição para o nú-
cleo 3 do Capítulo, que não foi desenvolvido na Assembleia capitular
devido ao Covid-19.31
Como dizia anteriormente, o nosso Fundador preocupou-se desde
o início em envolver o maior número possível de colaboradores no seu
projeto operativo: de Mamãe Margarida aos empregadores dos meni-
nos, da gente boa do povo aos teólogos, dos nobres aos políticos da
época. Nós nascemos e crescemos historicamente em comunhão com
os leigos, e eles conosco. Até mesmo devemos ressaltar a importância
que os jovens tiveram no desenvolvimento do carisma e da missão
salesiana: Dom Bosco encontrou nos jovens os seus primeiros colabo-
radores, que se tornaram cofundadores da Congregação.
31 Idem, nn. 12-17.

3.8 Page 28

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32 ATOS DO CONSELHO-GERAL
Eu mesmo, muitas vezes – e certamente também outros Reitores-
-Mores – exprimi com grande convicção que a participação dos leigos
no carisma salesiano e na missão não é uma concessão da nossa parte,
um favor que lhes fazemos e nem mesmo um caminho de sobrevivên-
cia – como muitos irmãos pensaram tantas vezes. É um direito ligado
à sua vocação específica. Surge aqui evidente a diferença entre ser
simples empregado numa casa salesiana e participar, ao mesmo tem-
po, do trabalho, da missão e da vocação. É uma relação radicalmente
diferente, exigindo de nós, em muitos casos, uma decidida mudança
de perspectiva. Como consagrados somos a encarnação específica do
carisma salesiano, mas não somos seus únicos depositários.
Disso decorre uma prioridade absoluta: «A participação no espírito
salesiano e o crescimento na corresponsabilidade requerem a partici-
pação de alguns itinerários e experiências formativas que tenham em
vista a missão, obviamente sem descuidar dos itinerários formativos
específicos aos Salesianos consagrados e aos leigos. A formação con-
junta na missão compartilhada é uma prioridade absoluta e deve ser
endereçada sobretudo ao núcleo animador».32
Os leigos são companheiros de caminho, não substitutos ou represen-
tantes dos religiosos: eles e nós temos identidades e tarefas específicas
para a missão. Em decorrência disso, os nossos colaboradores leigos pre-
cisam conhecer e experimentar muito de perto Dom Bosco e o que se
vive nas casas salesianas onde eles se encontram. Esse conhecimento e
formação não são recebidos apenas através de cursos acadêmicos, mas
de modo muito especial refletindo, revendo e programando o que se vive
em comum numa determinada presença. É essencial dar novos passos na
formação comum e conjunta, especialmente nos aspectos que se referem
ao conhecimento e a vivência do nosso carisma compartilhado. Sabemos,
com efeito, que «o primeiro e melhor modo para formar-se e para formar
para a partilha e para a corresponsabilidade é o correto funcionamento da
comunidade educativo-pastoral».33
Resta-me evidenciar, de modo muito especial e firme, que a missão
compartilhada com os leigos tem o seu desenvolvimento mais pleno e
autêntico quando são membros de um dos 32 grupos da Família Sale-
siana, dos quais, como é sabido, doze são grupos laicais. No caso dos
membros pertencentes à Família Salesiana, o grau de identidade caris-
32 Animação e governo da comunidade, 106 e 122.
33 CG24, 43.

3.9 Page 29

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 33
mática é, com frequência, muito elevado, e juntos vivemos uma ver-
dadeira vocação no carisma. É uma razão a mais para dar prioridade
à presença dos membros da Família Salesiana em nossas presenças,
também como funcionários, quando a sua profissionalidade satisfaz
as mesmas condições dos outros.
Enfim, não podemos esquecer que o futuro deste elemento caris-
mático – a missão e a formação compartilhada com os leigos – passa
através da formação dos futuros Salesianos. Não vos escondo, caros
Irmãos, que me preocupa a tendência de uma parte dos nossos jovens
irmãos desejosos e, ousaria dizer, também com impetuosidade, de ter-
minar as etapas formativas para se verem com autoridade, posições e
responsabilidades diante dos leigos. Trata-se de uma tendência total-
mente contrária ao caminho que queremos trilhar como Congregação.
Portanto, «a formação na e para a missão compartilhada deve tocar
também a formação inicial dos Salesianos, não só como objeto de es-
tudo, mas também através de experiências pastorais semanais e de fé-
rias. A experiência de trabalhar com e sob a direção de leigos durante
o tirocínio, assim como a participação no Conselho da comunidade
educativo-pastoral, são momentos preciosos de formação, sobretudo
se acompanhados pelos membros do grupo de animadores tanto Sale-
sianos como leigos».34
PROPOSTA
♦ A Congregação inteira e todas as Inspetorias do mundo deem
“novos passos” no testemunho da missão compartilhada e da
formação comum, melhorando a realidade e o funcionamento
das CEP em todas as presenças da Congregação. Pode-se estar
mais à frente ou mais atrás na vivência da missão e da forma-
ção na e da CEP, mas não se pode deixar de caminhar nessa
direção. Continua a ser uma prioridade e uma urgência o que é
pedido no CG27: «A missão compartilhada entre sdb e leigos
deixou de ser opcional – se alguém ainda pensasse assim».35
♦ Caminhemos para inserir leigos nas equipes formativas das
comunidades de formação inicial.
34 CG28, Terceiro núcleo. Com os leigos na missão e na formação, n. 43.
35 CG27, Testemunhas da radicalidade evangélica. Documentos capitulares, Discur-
so do Reitor-Mor no encerramento do CG27, n. 3.7, Roma 2014.

3.10 Page 30

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34 ATOS DO CONSELHO-GERAL
♦ Nestes seis anos, em todas as Inspetorias e presenças salesia-
nas, será levada adiante, em conjunto entre Salesianos e quem
participa da missão e faz parte do núcleo animador, um pro-
cesso de discernimento para:
→ Evidenciar com realismo a situação da missão e formação
compartilhada (reconhecer).
→ Pôr-se em sintonia com o caminho trilhado pela Igreja e a
Congregação (interpretar)
→ Projetar e ativar processos de crescimento e transformação,
em sinergia com as demais realidades inspetoriais, regionais,
de Congregação (escolher).
Por isso:
♦ Os leigos com forte identidade carismática sejam inseridos
gradualmente nas equipes inspetoriais, assumindo também ta-
refas de responsabilidade, coordenação e liderança.
♦ A formação será realizada nas Inspetorias segundo o modelo ope-
rativo de animação e governo das casas, já decidido no CG24.
♦ Faremos com que nas Inspetorias e nas presenças salesianas
seja significativo o testemunho evidente e intenso da Família
Salesiana no interior da CEP.
♦ Os Centros Regionais de Formação Permanente, com apoio
dos Dicastérios para a Pastoral Juvenil e para a Formação,
preparem subsídios adaptados aos diversos contextos regio-
nais e favoreçam esse processo em nível inspetorial e local.
Tornam-se, assim, receptores e difusores de boas práticas e de
materiais, que servirão como exemplo e estímulo para outras
realidades salesianas.
♦ Em nível de CEP locais, valorize-se como itinerário de for-
mação permanente a terceira parte de “Animação e governo
da comunidade. O serviço do diretor salesiano”, dedicada à
“Comunidade educativo-pastoral”.
♦ Este processo será um dos campos a se dar atenção prioritária
nas visitas inspetoriais, nos Capítulos inspetoriais, em meados do
sexênio, nas visitas extraordinárias e nas visitas de conjunto.

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 35
7. É TEMPO DE UMA MAIOR GENEROSIDADE
NA CONGREGAÇÃO.
Numa Congregação universal e missionária
«Cada um de nós é chamado por Deus a fazer par-
te da Sociedade Salesiana. Para tanto recebe d’Ele
dons pessoais e, respondendo fielmente, encontra o
caminho da sua plena realização em Cristo.
A Sociedade reconhece-o em sua vocação e ajuda-o a rea-
lizá-la. Como membro responsável, ele coloca sua pessoa
e os próprios dons a serviço da vida e da ação comum.
Cada vocação manifesta que o Senhor ama a Congrega-
ção, deseja-a viva para o bem da sua Igreja e não cessa
de enriquecê-la com novas energias apostólicas» (C.22).
Disse na sessão conclusiva do CG28 que, no meu modo de ver,
este «é o tempo de generosidade na Congregação». Não tenho dú-
vidas de que temos uma história de 162 anos marcada por grande
generosidade, iniciada ainda com Dom Bosco. Todavia, parece-me
que hoje a generosidade é mais do que necessária. Procurarei ex-
plicar-me claramente.
Hoje, não menos do que no passado, a realidade fala-nos da ne-
cessidade de evangelização, de necessidades pastorais e de promo-
ção humana das quais tomamos conhecimento em contato com di-
versos contextos. Recebemos frequentemente, de muitas partes do
mundo, apelos, convites, pedidos para assumirmos este ou aquele
serviço. Vemos adolescentes, jovens e famílias em dificuldade em
todos os continentes.
→ Deus continua a chamar-nos no mundo todo como “testemunhas-
-sinais” do seu Amor salvífico pelos jovens mais pobres.
→ Há necessidade da nossa ajuda como evangelizadores e edu-
cadores para os jovens e os adultos das classes populares, nos
mais diversos contextos culturais e religiosos.
→ Há, também, uma necessidade urgente de educação e da nossa
ação para testemunhar e promover a justiça no mundo.
→ A pobreza e as pobrezas continuam a ser para nós um clamor,
o mais das vezes silencioso, sem voz: jovens com suas pobre-
zas materiais e emocionais, verdadeiros órfãos, mesmo tendo

4.2 Page 32

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36 ATOS DO CONSELHO-GERAL
pais ou famílias, pobrezas culturais (sem acesso à escola, à
instrução), pobrezas espirituais (sem qualquer conhecimento
dos valores transcendentes, nem de Deus).
A esperança de poder trabalhar (e às vezes também estudar)
continua a provocar, com maior facilidade, migrações maciças
para as grandes cidades (e também para outros países), com as
consequências naturais da falta de adaptação e da marginalização
social. Acrescenta-se a isso a terrível realidade dos refugiados e
dos acampamentos onde vivem; em muitos deles, os nossos irmãos
compartilham a vida com os próprios refugiados (Kakuma-Quênia,
Juba-Sudão do Sul, Palabeck-Uganda). Poderia ampliar o elenco
desse conjunto de situações.
Caros Irmãos, todos nós pertencemos a Deus e à nossa única Con-
gregação, da qual, com alegria, somos membros. Somos todos Sale-
sianos de Dom Bosco no mundo. O nosso afeto será sempre dirigido
aos irmãos da nossa Inspetoria de origem, onde “nascemos vocacio-
nalmente”, mas a nossa pertença mais verdadeira e profunda é à Con-
gregação, e ela começa com a nossa profissão religiosa.
Nos próximos seis anos, a abertura de horizontes deve ser, en-
tão, ainda mais efetiva e real, graças à disponibilidade dos irmãos e
à resposta generosa das Inspetorias com maiores possibilidades de
oferecer uma ajuda aos outros irmãos. Às vezes, com acordos entre
os mesmos inspetores, outras vezes com a mediação do Reitor-Mor
e seu Conselho, quando se tratar de novas fundações, de novos
desafios missionários, de novas presenças em outras nações ou de
novas fronteiras missionárias.
Felizmente as Inspetorias mais pobres do ponto de vista econômico
são as mais ricas de vocações, e a formação de todos esses irmãos é
possível graças à generosidade de toda a Congregação. Novamente,
demonstra-se que a generosidade torna possíveis todos os sonhos.
Vivemos tempos em que precisamos enfrentar a realidade com men-
talidade renovada, que nos permita “superar as fronteiras”. Num mundo
em que as fronteiras são sempre mais “uma defesa contra os outros”, a
profecia da nossa vida de Salesianos de Dom Bosco consiste também nis-
to: demonstrar que, para nós, não existem fronteiras. A única realidade
à qual respondemos é Deus, o Evangelho e a missão que nos é confiada.
Justamente por isso, as nossas comunidades internacionais e interculturais
têm hoje um grande valor profético, sem esconder o fato que construir a
fraternidade na diversidade requer visão de fé e empenho pessoal.

4.3 Page 33

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 37
A realidade missionária da nossa Congregação continua a interpe-
lar-nos e apresentar-nos alguns belos desafios, as missões impelem-
-nos e fazem-nos sonhar belos sonhos que se tornam realidade.
Quando nos anos 80’ do século passado continuávamos, anos após
ano, a perder irmãos de modo significativo, o Reitor-Mor, P. Egídio Vi-
ganò, lançou profeticamente o Projeto África, que hoje é uma belíssi-
ma realidade. Quando em 2000, diante do novo milênio, se constatava
a dura realidade pastoral e a necessidade de uma nova evangelização
para a Europa, o P. Pascual Chávez promoveu convictamente o Projeto
Europa. Estes não são tempos para se preocupar com a sobrevivência,
mas ocasiões para ser mais significativos.
O Papa Francisco, em sua mensagem ao CG28, convidava-nos a
estar atentos aos temores que acabam «por fixar-nos numa inércia pa-
ralisante que priva a vossa missão da parrésia própria dos discípulos
do Senhor. Tal inércia pode também manifestar-se num olhar e numa
atitude pessimista diante de tudo aquilo que nos circunda e não só
no que se refere às transformações que acontecem na sociedade, mas
também em relação à própria Congregação, aos irmãos e à vida da
Igreja. Esta atitude que acaba por “boicotar” e impedir qualquer res-
posta ou processo alternativo».36
PROPOSTA
Proponho a toda a Congregação a concretização deste tempo de
generosidade, assumindo, de modo natural, a disponibilidade de ir-
mãos de todas as Inspetorias (transferências, intercâmbio, ajuda tem-
porária) para serviços internacionais, novas fundações, novas frontei-
ras que queiramos alcançar.
Por isso:
♦ As Inspetorias estarão atentas e disponíveis aos apelos do Rei-
tor-Mor para as necessidades e os desafios que assumiremos.
♦ O 150º aniversário da primeira expedição missionária de Dom
Bosco à Argentina (que ocorrerá em 2025) e o primeiro cente-
nário da presença missionária no Nordeste da Índia (em 2022),
serão ocasiões para continuar o projeto missionário da nossa
Congregação.
♦ Fizemos, durante o sexênio precedente, um apelo missionário
convidando todas as Inspetorias a iniciarem em seu interior
36 Francisco, Mensagem ao CG28.

4.4 Page 34

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38 ATOS DO CONSELHO-GERAL
um projeto missionário (refugiados, migrantes, fronteiras,
crianças exploradas...), dando prioridade à significatividade e
às exigências reais dos jovens de hoje.
♦ O Reitor-Mor e seu Conselho indicarão os passos oportunos
para consolidar no Dicastério (Setor) da Pastoral Juvenil da
Congregação a seção que se ocupa prioritariamente da realida-
de dos refugiados e migrantes (especialmente de menores não
acompanhados e jovens).
8. ACOMPANHANDO OS JOVENS PARA UM
FUTURO SUSTENTÁVEL
Reconhecemos que a atenção a um futuro sustentável é uma con-
versão cultural, não uma moda e, como toda conversão, precisa ser
fortemente chamada com seu novo nome.
A Assembleia capitular expressou-se com total unanimidade quan-
do se propôs que uma pequena comissão assumisse a sensibilidade
que existe entre nós diante dessa emergência. O cuidado do criado
não é uma moda. Está em jogo a vida da humanidade, mesmo se mui-
tos agentes públicos, reféns de interesses econômicos, olham para o
outro lado ou negam o que é inegável. Essa sensibilidade concretizou-
-se numa deliberação do Capítulo aprovada pela Assembleia. O Papa
Francisco insistiu que devemos evitar uma «emergência climática»
que corre o risco de «perpetrar um ato brutal de injustiça em relação
aos pobres e às gerações futuras».37
O nosso empenho por uma ecologia humana integral nasce da con-
vicção de fé segundo a qual «tudo está inter-relacionado e o cuidado
autêntico da nossa própria vida e das nossas relações com a natureza
é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros».38
No interior da vida social dos seres humanos, não podemos olvidar a
atenção ao ambiente. Para tanto, a ecologia deve ser integral, humana.
E, como consequência, somos convidados à conversão ecológica que
não se refere apenas à economia e a política, mas também à vida so-
cial, as relações, a afetividade e a espiritualidade.
37 Francisco, Discurso aos participantes do encontro promovido pelo Dicastério
para o serviço do desenvolvimento humano integral sobre o tema: Transição ener-
gética e cuidado da nossa casa comum, Roma 14 de junho de 2019.
38 Cf. Francisco, Carta encíclica Laudato si’, Roma 24 de maio de 2015, nn. 137-162.
A seguir citada com LS.

4.5 Page 35

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 39
Assistimos, nos últimos anos, aos desacordos dos políticos de vá-
rias nações diante dessa emergência. O último encontro dos líderes
dos países em Santiago do Chile (mas realizado em Madri – Espanha)
teve como único resultado o acordo de encontrar-se novamente dentro
de um ano. Nenhum acordo operativo significativo.
Ao mesmo tempo, milhões e milhões de pessoas, em sua maioria
jovens, elevaram um clamor global. O Papa Francisco, sensível a esta
realidade, como bem demonstrou, recorda que os próprios jovens exi-
gem uma mudança radical e que «se interrogam como se pode preten-
der construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente
e nos sofrimentos dos excluídos».39
A proposta de deliberação capitular assim se exprime: «Reco-
nhecemos com o Papa Francisco a evidência dada pela ciência de
que a aceleração da mudança climática que deriva da atividade hu-
mana é real. Estão em aumento a poluição do ar, a poluição da
água, o descarte inadequado de resíduos, a perda da biodiversidade
e outras questões ambientais que têm um impacto negativo sobre
a vida humana. A produção e o consumo não sustentável estão le-
vando o nosso mundo e os seus ecossistemas além de seus limites,
minando a sua capacidade de fornecer recursos e ações vitais para
a vida, o desenvolvimento e a sua regeneração».40
No momento em que escrevo estas linhas programáticas, o planeta
Terra e todos os países do mundo foram atingidos, em maior ou menor
medida, pelo coronavírus que, até hoje, causou a morte de 624.000
pessoas e infectou outros 15.300.000. Bem sabemos que a vida de
uma única pessoa é sagrada, e há muito sofrimento devido a tantas
mortes. Mas não é menos verdade que o planeta Terra sangra há decê-
nios, e que a poluição causa todos os anos muito mais vítimas huma-
nas das que não tenham sido provocadas pela COVID-19. Trata-se de
um dado de fato infelizmente não levado muito a sério.
Não é menos verdade que os mais pobres – sempre os mais pobres!
– sofrem os efeitos desastrosos do desflorestamento e das mudanças
climáticas, da destruição das suas paupérrimas colheitas, seu único
recurso de sobrevivência. Também isso não é denunciado.
Poderia fazer ainda um elenco dessas situações. Não é necessário.
Basta sublinhar que, como educadores e pastores, não podemos ser
indiferentes a essa realidade. Precisamos fazer alguma coisa.
39 LS 13.
40 CG28, Proposta de deliberação sobre a ecologia.

4.6 Page 36

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40 ATOS DO CONSELHO-GERAL
PROPOSTA
Ouvindo o clamor que se eleva, em nível mundial, de mui-
tos jovens de hoje, NÓS SALESIANOS NOS EMPENHA-
MOS PARA SER TESTEMUNHAS CREDÍVEIS, pessoal e
comunitariamente, de CONVERSÃO no cuidado do Criado
e na Espiritualidade Ecológica.41
Por isso:
♦ Cada Inspetoria do mundo responderá, através do De-
legado Inspetorial para a Pastoral Juvenil, ao pedido de
fazer de nossas escolas, centros educativos, campi uni-
versitários, oratórios, paróquias, modelos educativos
no cuidado do ambiente e da natureza. Na educação,
devemos incluir, como opção salesiana, a ação em favor
do Criado: o cuidado da natureza, do clima e do desen-
volvimento sustentável.
Ampliemos, o quanto possível, a rede de instituições sa-
lesianas inseridas na Dom Bosco Green Alliance, pro-
movendo a participação dos jovens em campanhas glo-
bais em favor da sustentabilidade das causas ambientais
e ecológicas para o cuidado do Criado e da vida humana.
♦ Acolhamos o pedido feito ao CG28 pela Conferência
Salesiana Sobre Energias Renováveis de novembro de
2019, para que a Congregação assuma 100% das ener-
gias renováveis em todas as Inspetorias do mundo
antes de 2032. Mesmo que a realidade da Congregação
seja muito desigual nos diversos países, aceitemos esse
desafio em colaboração com os PDO das Inspetorias, as
ONG salesianas, a DBN.
CONCLUSÃO
Meus caros Irmãos: concluo estas linhas programáticas con-
vidando-vos a acolhê-las não como uma simples carta, mas como
uma mensagem e um programa que deseja ser hoje expressão da
palpitação do coração da Congregação no mundo todo.
41 LS, 217.

4.7 Page 37

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 41
E proponho dois elementos importantes como atitude com que en-
frentar a bela oportunidade dos próximos seis anos:
→ O primeiro deles tem a ver com uma virtude: a esperan-
ça. Só com a esperança podemos enfrentar o futuro, con-
fiando que o Senhor levará a cumprimento, com a nossa
humilde contribuição, o que propomos aqui.
→ O segundo tem a ver com o a nossa atitude diante do
próprio Deus. Gostaria de pedir à nossa Congregação que
neste sexênio nos deixemos guiar muito mais pelo Es-
pírito Santo; que seja Ele a mover realmente os nossos
corações e as nossas capacidades humanas na animação e
no governo da Congregação e das Inspetorias e Comuni-
dades, para que cada um de nós consiga fazer de todas as
Casas salesianas do mundo outros Valdocco, dando uma
resposta aos adolescentes e aos jovens de hoje, como fez
Dom Bosco no seu tempo.
Sobre a esperança, quero sublinhar que, como bem sabemos,
é uma virtude que tem muito a ver com a nossa fé cristã; é um
modo diferente de ver o futuro. A esperança cristã é um modo de
viver, um modo de caminhar, um modo de ver.
A esperança é fruto do encontro com o Senhor Jesus e é fruto
da acolhida do seu Espírito em nós. A esperança não resulta de
cálculos e previsões. «Nem pessimista nem otimista, o salesiano
do séc. XXI é um homem cheio de esperança porque sabe que o
seu centro está no Senhor, capaz de fazer novas todas as coisas (cf.
Ap 21, 5). Só isto nos salvará de viver numa atitude de resignação
e sobrevivência defensiva. Só isto tornará fecunda a nossa vida».42
Sobre a necessidade deixar-nos guiar mais pelo Espírito San-
to de Deus, Ele que é o verdadeiro Mestre interior, faço minhas
as palavras do Patriarca de Constantinopla, Atenágoras I, que
encontrou o Papa Paulo VI (hoje Santo) em Jerusalém em ja-
neiro de 1964. O fruto daquele encontro no Espírito de Deus
foi o cancelamento das excomunhões recíprocas que até aquele
momento tinham existido e ferido profundamente o coração de
Cristo na sua Igreja.
42 Francisco, Mensagem ao CG28, citando a sua Homilia na Festa da Apresentação
do Senhor para o 21º Dia Mundial da Vida Consagrada, 2 de fevereiro de 2017.

4.8 Page 38

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42 ATOS DO CONSELHO-GERAL
Este é o pensamento:
«Sem o Espírito Santo,
Deus está distante,
Cristo permanece no passado,
o Evangelho é uma letra morta,
a Igreja, uma simples organização,
a autoridade, um poder,
a missão, uma propaganda,
o culto, uma lembrança,
e o agir cristão, uma moral de escravos.
Mas no Espírito Santo
o cosmo movimenta-se para a geração do Reino,
o Cristo ressuscitado se faz presente,
o Evangelho se faz potência e vida,
a Igreja realiza a comunhão Trinitária,
a autoridade transforma-se em serviço,
a liturgia é memorial e antecipação,
o comportamento humano é deificado».43
Acolhamos esta mensagem em nossa oração.
Meus caros Irmãos salesianos, era o que sentia o dever de
comunicar e pedir a todos vós. Convido-vos a acolher estes de-
safios, esta tabela de marcha para o caminho do sexênio, com
todo o coração e com o profundo desejo de torná-la realidade
nas comunidades e Inspetorias. Serão, certamente, com a graça
de Deus e a presença materna da nossa Mãe Auxiliadora, anos
de fidelidade da parte da Congregação e de resposta corajosa
e também profética aos sinais dos tempos de hoje. Nossa Mãe
Auxiliadora continue a cuidar da nossa Congregação e a “fazer
tudo”, como com Dom Bosco.
A sua mediação e a de toda a santidade salesiana da nossa Fa-
mília seja para nós uma bênção na única coisa importante da nos-
43 A frase é do Patriarca Atenágoras I, embora alguns atribuam a citação ao Patriarca
Inácio IV Hazim, em 1968.

4.9 Page 39

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ATIVIDADES DO CONSELHO-GERAL 43
sa missão da parte de Deus: «ser na Igreja sinais e portadores do
amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres» (C. 2).
Acompanho-vos, a todos e a cada um, com a lembrança e a oração.
P. Ángel Fernández Artime, sdb
Reitor-Mor
Roma, 16 de agosto de 2020
205° Aniversário do nascimento de Dom Bosco